IHS
14/08/2008 14:00
Pe. Jesús Hortal Sánchez, S.J.

O artigo IHS, do Reitor, padre Jesús Hortal, dá explicação para um símbolo - dentro de um círculo envolvido por raios luminosos, as letras citadas, uma cruz e três pregos – que se vê no sítio da PUC-Rio, na internet, bem como nas páginas das universidades jesuíticas da América Latina. O símbolo é um lembrete, foco central e compromisso relacionado às origens e à tradição pedagógica da Companhia de Jesus, à qual a PUC-Rio foi confiada. Por isto é encontrado em documentos oficiais e nos diplomas expedidos pela Universidade.

Na página inicial do sítio da PUC na internet, encontra-se um pequeno símbolo, que serve de elo de conexão para as páginas das Universidades jesuíticas da América Latina, reunidas na AUSJAL. O mesmo símbolo aparece também nos diplomas de graduação e pós-graduação expedidos por nossa Universidade. Três letras – I H S – se encontram situadas dentro de um círculo do qual saem raios luminosos. As três letras encontram-se encimadas por uma cruz. Embaixo das letras, aparecem três pregos. O que significa tudo isso?

As letras são os três primeiros caracteres, latinizados, do nome grego de Jesus: iota, eta, sigma. Existe uma pequena variante: no lugar do I, aparece o J, uma letra introduzida tardiamente no alfabeto latino, para substituir o i inicial. O símbolo, portanto, é um modo artístico de escrever o nome de Jesus, com duas alusões complementares: Ele é a luz do mundo e, ao mesmo tempo, o Salvador crucificado. Desde os tempos de Santo Inácio de Loyola, que já o inscreveu no seu selo pessoal, os jesuítas usam esse símbolo, como uma espécie de "marca registrada", em certa alusão ao nome oficial da Ordem: Companhia de Jesus. Santo Inácio, mesmo com a forte oposição daqueles que o acusavam de soberba, por usar o nome do Salvador e não o de qualquer santo, para designar o grupo que liderava, fez questão de mantê-lo como característica que correspondia a sua própria trajetória espiritual. Essa trajetória culminou em 1537, quando, encaminhando-se para Roma, numa pequena capela em La Storta, perto da cidade eterna, "sentiu tal mudança na sua alma e viu tão claramente que Deus Pai o colocava com Cristo, seu Filho, que não teria ânimo para duvidar disso, de que Deus Pai o colocava com o seu Filho" (Autobiografia, n. 98). Ainda mais, no momento da sua morte, as últimas palavras que lhe escutaram foram "Jesus, Jesus, Jesus!" Não é, por isso, casual que os membros da Companhia de Jesus sejam conhecidos como jesuítas. Há também uma interpretação popular da sigla, como se fosse uma abreviação da expressão latina Iesus Hominum Salvator, ou seja, "Jesus Salvador dos Homens". Mas essa interpretação não se sustenta historicamente.

Voltemos, porém, à nossa PUC. Desde o primeiro momento, ela foi confiada pela Igreja aos jesuítas e assim continua até o dia de hoje. Daí a inscrição do símbolo IHS em alguns documentos oficiais, de modo especial nos diplomas. Esse símbolo é, para nós, lembrete, foco central e compromisso. É um lembrete das nossas origens e da tradição pedagógica que inspirou e inspira a PUC-Rio. Para os jesuítas que trabalhamos na instituição e para todos os que nos querem acompanhar na caminhada, é também foco central do nosso esforço. De algum modo, isso se encontra expresso no nosso brasão, onde o livro aberto contém as duas letras do alfabeto grego alfa e ômega, símbolos da Sabedoria Divina, quer dizer, do Verbo de Deus encarnado ou simplesmente Jesus. A sigla IHS é também, como dizíamos, compromisso de procura da excelência, pois o modelo do Filho de Deus aponta para o infinito, para a perfeição que Jesus pregou: "sede perfeitos como o vosso Pai celestial é perfeito". Sempre ficaremos longe desse ideal, mas nunca podemos renunciar a ele.

Pe. Jesús Hortal Sánchez, S.J.
Reitor da PUC-Rio

Edição 203

 

Mais Recentes
Nota da Reitoria
Sobre o aumento do número de casos de COVID-19
Mensagem do Reitor a toda a Comunidade Universitária
Pe. Anderson Antonio Pedroso, S.J. faz uma reflexão sobre os desafios da educação no Brasil