A estátua que hoje é símbolo da cidade do Rio de Janeiro, uma das sete maravilhas do mundo moderno e principal cartão postal brasileiro pode narrar uma interessante história. Para compreendê-la é preciso ouvidos curiosos e atentos ao movimento dos homens no tempo, que fi zeram surgir no alto do morro do Corcovado o “Monumento ao Christo Redemptor”.
Inaugurado em 1931, o novo símbolo da cidade representava uma proposta de unidade nacional sob a identidade católica. À época, a Igreja empenhava-se em retomar influência junto ao Estado, que, após a laicização com a proclamação da República, perdera consideravelmente. Esperava-se que Cristo, agora incrustado na capital do país, redimiria
uma nação atormentada por mazelas, rumo a um futuro de horizonte cristão.
Este esforço de recatolização, posteriormente denominado “Restauração Católica”, empreendeu projetos que a Igreja há tempos planejava. Assim como a ideia de uma estátua de Cristo na cidade, também o projeto de uma universidade católicaera recorrente desde o século anterior. Tal universidade, que tem seus primeiros passos em 1940 com a fundação das Faculdades Católicas,respondia aos anseios de uma proposta educacional
cristã por oposição àquela laica e liberal, representada pelos Pioneiros da Escola Nova. Assim como o monumento do Corcovado, aos olhos de seus idealizadores, a PUC-Rio surgia redentora nos corações e nas mentes de uma elite intelectual católica.
O Cristo Redentor e a PUC-Rio, ainda que compartilhem um contexto fundacional comum, hoje ocupam lugares distintos no imaginário coletivo. O projeto de cristandade
idealizado inicialmente foi reinterpretado e ressignificado, e não mais figura no horizonte daqueles que os frequentam. Cada um, porém, carrega um significado singular, que pode não ser mais tão doutrinário, mas com certeza será sempre carioca.