Parar 20 minutos do dia para sentar e se concentrar na respiração, à primeira vista, pode parecer impossível para a geração workaholic das grandes metrópoles. No entanto, a adoção da prática de meditação está crescendo nos centros urbanos. A busca pelo equilíbrio entre mente e corpo e a redução do estresse são os principais objetivos dos adeptos.
A meditação pode estar ligada à religião, estilo de vida ou ser uma atividade de relaxamento. Atualmente, existem inúmeras técnicas com diferentes embasamentos. As mais praticadas são: Sahaj samadhi, transcendental, zazen, budista, vipassana e a meditação ativa. A instrutora da Fundação Arte de Viver Maria Lúcia Rajão era advogada e, por indicação de um amigo, participou de um curso de respiração. Para ela, as pessoas buscam na meditação um meio para aliviar o estresse do dia a dia.
– As técnicas de respiração e meditação Sahaj Samadhi podem ser usadas como mais uma prática, como técnica para desestressar o organismo, porque a respiração é responsável por eliminar até 85% das toxinas físicas, mentais e emocionais do organismo e pela busca espiritual. O primeiro ato que fizemos quando chegamos ao mundo foi inspirar e o último ato que faremos é expirar. O período entre a primeira inspiração e a última expiração se chama vida. Respiramos durante a nossa vida toda e não percebemos.
A Coordenação de Atividades Comunitárias e Culturais (CACC), em parceria com a Fundação Arte de Viver, promove, uma vez por mês, sessão guiada de meditação e aula sobre as técnicas de respiração, no Anfiteatro Junito Brandão. Segundo Maria Lúcia, os ganhos podem ser observados logo no primeiro encontro.
– Quando respiramos com consciência, automaticamente trazemos a mente para o momento presente. Ficamos chateados com o que aconteceu no passado e ansiosos com o futuro. Mas quando podemos ser felizes? No momento presente. A meditação aumenta o foco e a criatividade e, desestressando o organismo, somos felizes. A respiração é como uma pipa, enquanto a mente está entre o passado e o futuro, a respiração te traz para o momento presente.
De acordo com o estudo realizado pelo professor David Creswell, da Universidade Carnegie Mellon, nos Estados Unidos, meditar por três dias seguidos, durante 25 minutos, é suficiente para aliviar o estresse. A pesquisa, divulgada no periódico Psychoneuroendocrinogy, relata que pessoas que foram submetidas à meditação e, logo em seguida, praticaram atividades pressionadas, como resolver exercícios matemáticos, se sentiram menos exauridas e apresentaram níveis do hormônio do estresse menores do que as pessoas que não meditaram.
A estudante de Comunicação Social Patrícia Mello, 20 anos, entrou em contato com a meditação há um mês e a maior dificuldade foi conciliar a agenda cheia com um momento para si.
– Procurei a meditação em busca de calma e um momento só para mim, em que não precisasse pensar em nada ao meu redor. Sentimento apático na hora. Ter o foco e a força para fazer certa meditação é difícil e requer bastante vontade. Aprendemos que o gratificante vem depois desse esforço, um relaxamento profundo. Hoje, já sinto que minha respiração está melhor e tenho maior controle emocional.
O diretor da Sociedade Internacional de Meditação do Rio de Janeiro, Klebér Tani, ministra aulas de meditação transcendental há 34 anos. Segundo Klebér, o estresse está associado ao surgimento de doenças psicossomáticas. Ele acredita que a medicina convencional não tem recursos eficientes para lidar com os estados de ansiedade, depressão, tristeza e fobias.
– O resultado medicamentoso não é satisfatório, intoxica muito, e nem sempre gera os resultados adequados. Se a pessoa se volta para dentro todos os dias para meditar, isso implica em aumento de memória, concentração, criatividade, raciocínio mais rápido, paz interior, mais estabilidade e harmonia. A pessoa tem uma experiência de relaxamento mais profundo que o sono. Durante uma noite de sono, o consumo de oxigênio a nível celular diminui em 8% depois de seis a oito horas dormindo. Com a prática da meditação transcendental, o consumo de oxigênio cai em média 60% com 15 a 20 minutos de prática.
A Fundação Arte de Viver desenvolve, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, o curso de educadores, com o objetivo de capacitar professores, educadores e gestores de escolas do Rio. Para Maria Lúcia, ensinar uma criança a meditar faz com que ela realize melhor as escolhas e se conheça melhor.
– As crianças de hoje têm muita informação poluída e sem conteúdo. A meditação, se inserida na infância, faz com que as escolhas sejam mais acertadas. Quando implementada nas escolas os benefícios dos professores e alunos são visíveis.