Crônicas de memória
13/03/2014 21:10
Margarida de Souza Neves, Núcleo de Memória da PUC-Rio

Para não esquecer

Há lembranças que são dolorosas.  Muitas vezes essa rememoração triste diz respeito, precisamente, ao que não deve ser esquecido. É o caso dos 21 anos que se seguiram ao golpe civil-militar que, há 50 anos, instaurou uma ditadura no Brasil. Com ela, não apenas a liberdade e a cidadania foram cerceadas, mas muitas vidas foram ceifadas, muitos corpos foram torturados, muitos sonhos foram truncados.

Em 2014 somos convidados a uma comemoração às avessas que aponta para a necessidade de viver o luto pelo que de arbítrio, violência e morte marcou o país há 50 anos. Serão inúmeras as oportunidades para refletir sobre os anos que se seguiram àquele 31 de março de 1964.  Os livros sobre o tema já se multiplicam nas livrarias, assim como exposições, congressos, documentários, debates e iniciativas para fazer da justiça uma forma de redenção, tardia mas imprescindível, dessa memória sombria.
 
A foto escolhida para abrir essa série de crônicas de memória não é apenas um flagrante colhido pelo olhar sensível de José Inácio Parente, então estudante de psicologia da PUC-Rio, durante a passeata dos 100 mil. Ela é também o registro de uma utopia. Sobre a faixa que aparece no centro da fotografia alguém escreveu em letras garrafais: “PUC: TERRITÓRIO LIVRE”, mesmo sabendo que não podem existir territórios livres em um país sem liberdade.
 
Por dentro do campus da PUC-Rio passavam então – tal como passam hoje – todos os conflitos, todas as tensões, todas as contradições da sociedade, porque a Universidade não era – e não é – um planeta a parte.  Mas isso não impediu então – como não impede hoje – que o desejo e o sonho encontrassem formas de expressão.

Com os poucos registros desses tempos difíceis que existem no seu acervo, o Núcleo de Memória pretende escrever, em 2014, uma série de crônicas sobre a PUC-Rio durante os anos da ditadura.  Para não esquecer.  Por dever de justiça para com o passado e por acreditar no direito à esperança no presente e no futuro.

Leia mais em: nucleodememoria.vrac.puc-rio.br/site/

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