Com experiência e carreira consolidada no mundo dos negócios, o empresário Claudio Bastos vislumbrou o poder da mandioca, raiz genuinamente brasileira. Preocupado com o meio ambiente, o empreendedor fundou a CBPAK, empresa pioneira na redução de impactos ambientais, e levou cinco anos, entre pesquisa e desenvolvimento, para transformar a fécula de mandioca em embalagem.
Para medir, metrificar e monetizar o uso de embalagens compostáveis, Bastos fez um mestrado em Metrologia da PUC-Rio, e defendeu a dissertação em setembro. O estudo, segundo ele, possibilitou dar ao processo uma identidade acadêmica.
– Tudo está metrificado e monetizado, então, nós criamos, a partir desse mestrado, uma matéria muito bacana em termos de ações comerciais, que é o custo ambiental. Na matriz de custo, em uma análise comparativa entre um copo de mandioca e um copo plástico, eu convido o cliente a pensar no custo ambiental. Uma embalagem descartável, em 99,9% dos casos, você compra preço, você procura o mais barato. Nós estamos convidando o mercado a pensar em valor, e não mais em preço.
Para a fabricação dos produtos, que incluem copos, bandejas e, mais recentemente, pratos, Bastos enfrentou dois grandes desafios. O primeiro, segundo ele, era a formulação do produto. O outro, um processo industrial que permitisse a produção em alta escala.
– Todas as etapas entre a elaboração e a produção nos demandaram muitos anos. As embalagens são produzidas por meio de um processo de termo-expansão de massa orgânica de fécula de mandioca. Fizemos um investimento na ordem de 8 milhões de reais e temos uma capacidade de produção na ordem de 1,5 milhão a 2 milhões de unidades por mês. O grande atributo dessa nossa jornada é que conseguimos, com tecnologia, contemplar aos vários setores, pensamentos e correntes em matéria de meio ambiente – observou.
Os benefícios oferecidos pelas embalagens sustentáveis vão desde a origem, uma vez que a matéria-prima utilizada vem de fonte renovável, passando pela produção, em que há sequestro de carbono (redução da emissão de gás carbônico na atmosfera) e utilização mínima de água, até o descarte, que gera subproduto. O empresário afirma que durante o processo de fabricação de um copo compostável da CBPAK, o consumo de água é de apenas 8 ml, contra 400 ml na produção do copo plástico.
– O que propomos como solução ambiental é que os copos de mandioca são 100% compostáveis, ou seja, depois de usados, os produtos viram adubo orgânico. Além disso, como o poder dos copos é muito alto, pode ser usado em um biodigestor para a formação de um biogás que é transformado em energia. E se não for para a compostagem, nem para biodigestor, seu destino é o aterro sanitário e, lá, a embalagem vai se biodegradar. Ou seja, em um prazo de 180 dias ele vai ocupar um menor espaço.