Neste ano de 2022, a Igreja Católica no Brasil fará a sua tradicional Campanha da Fraternidade sobre o tema da educação, cujo lema é “Falar com sabedoria e ensinar com amor (Pr.31,26)”. Sabemos o quanto este tema é tão caro a todos nós, pois somente a educação é capaz de mudar a vida das pessoas e corrigir os inúmeros descaminhos na história de um povo. Um país que acredita, valoriza e investe na educação de seus cidadãos, colherá frutos de justiça e prosperidade, fazendo a diferença no cenário internacional.
Educação e Fraternidade são duas realidades que devem andar de mãos unidas, pois se a educação ajuda a suscitar e orientar as potencialidades existentes em cada ser humano, a fraternidade cria união, amizade e afeto diante de valores orientados para o bem comum. Os déficits históricos na educação brasileira têm gerado um atraso no desenvolvimento humano e social do país, ampliando a exclusão educacional de milhares de crianças e jovens. A politica de Estado da educação brasileira deve estar acima dos interesses transitórios dos governos, permitindo que os processos educativos avancem progressivamente, independentes de partidos, ideologias e das vicissitudes políticas.
Ao agregar o lema bíblico “Fala com sabedoria e ensina com amor”, a Campanha da Fraternidade nos convida a repensar os processos educativos dentro de uma nova maneira de ensinar e aprender. O Papa Francisco tem insistido que o verdadeiro mestre na educação não é apenas aquele que transmite saberes acumulados pelas ciências, mas que agrega a sabedoria de vida em que a verdade do saber científico se encontra imbricada com a vida de quem ensina e aprende, numa perspectiva alegre, sadia e amorosa.
Um educador experiente é capaz de testemunhar com a verdade de tudo aquilo que ele recebeu de outros, a partir de sua própria experiência existencial. Conteúdos acadêmicos e experiência de vida devem caminhar juntos, evitando o distanciamento entre aquilo que é transmitido e a vida concreta de quem ensina. Saber falar com sabedoria, e ensinar com amor, supõe uma visão sistêmica da educação, em que os valores que formam e orientam a pessoa se encontrem integrados, permitindo uma interatividade maior entre educador e educando.
A insistência na visão fragmentada de nossos saberes tem gerado uma dupla perda, ou seja, perda da visão integradora do mundo e perda de uma concepção mais humanística do ser humano. Quem procura educar, falando com sabedoria e ensinando com amor, deixa um legado na vida das pessoas, sendo repassado e transmitido por sucessivas gerações.
Que o tema e o lema da Campanha da Fraternidade da CNBB seja uma oportunidade para discutirmos e repensarmos a maneira como ensinamos em nossas escolas e universidades, não permitindo retrocessos dos inúmeros avanços que foram galgados nos processos educativos de nosso país. Educar com sabedoria e amor é tudo o que precisamos neste contexto de mundo polarizado e complexo em que vivemos. Que os nossos laços fraternos nos unam, para que a educação seja a prioridade por excelência num país que se orgulha pelo número expressivo de crianças e jovens.