Tocada tanto nos jardins da realeza como nas aldeias, a música chinesa incorporou a história do país asiático. E para muitos artistas, o contato com a arte dos sons é uma forma de ilustrar para os outros a cultura do país. Como a professora Chuai Xuan, que faz parte da orquestra Peiyang, da Tianjin University, na China, e aprendeu desde os cinco anos a tocar instrumentos tradicionais chineses. E graças a essa forte formação, Chuai Xuan é capaz de descrever este país asiático milenar por meio dos instrumentos musicais.
Apesar de ter passado pelo piano e tambor, ela revela que sua principal paixão é a flauta chinesa. De acordo com a flautista, que hoje é mestranda em educação internacional, a história desse instrumento é longa e rica - ela já foi confeccionada com ossos de águia e existe, há pelo menos, 7 mil anos.
Outro instrumento tradicional que Chuai Xuan descreve é o Erhu. Nas palavras da musicista, o Erhu é associado principalmente ao sentimento de tristeza. A estudiosa explica que, devido ao instrumento ser leve e fácil de carregar, na China Antiga os soldados o levavam quando iam para longe de casa, pois a música expressava os sentimentos de saudade e continha o sofrimento por trás das notas.
- O Erhu veio do leste da China, onde havia grandes campos de grama em que vacas e ovelhas se alimentavam. Quando os chineses cavalgavam para levar os animais, os instrumentos eram usados para imitar o galopar dos cavalos, a música é muito bela. Além disso, o arco do Erhu é feito com a crina do cavalo.
Das linhagens mais comuns até a realeza, no relato de Chuai Xuan, a educação deve ser feita com o auxílio da música. Chuai Xuan comenta que cerca de dez pessoas tocavam os instrumentos tradicionais para a família real nos jardins. Mas o nascimento da orquestra na China foi há cerca de 2 mil anos, e o formato do conjunto sinfônico mudou com a influência do Ocidente e passou a ser constituído por mais de 70 pessoas. Por outro lado, fora do ambiente nobre, pessoas se concentravam na performance solo, executada para o entretenimento.
- Por volta de mil anos atrás, quando a China era o país número um no mundo, os poetas chineses escreviam obras que passavam a se relacionar com músicas. As letras são populares até os dias de hoje e, por ninguém saber o som exato, as composições são desconhecidas. As pessoas continuam a tentar reescrever as partituras, e os chineses, naquele período, amavam cantar e tocar diferentes instrumentos.
A história milenar do país asiático registra outros instrumentos tradicionais como o Guzheng e Guqin. Segundo Chuai Xuan, os dois instrumentos são bem similares, com a forma longa e várias cordas, mas diferem na criação. O Guqin, como descreve a professora, é ancestral, com mais de 1.500 anos de existência, e toca músicas gentis, lentas e antigas. O Guzheng, por outro lado, é maior e com mais cordas e, por causa do baixo preço, é popular e comum em comparação ao Guqin, ressalta Chuai Xuan, que é formada em cultura chinesa e já ensinou chinês como voluntária na PUC-Rio.
Com origem no oeste da Ásia, a Pipa é considerada por Chuai Xuan como o instrumento mais difícil. O nome vem do movimento realizado quando a música é tocada, em que são feitos o Pi e o Pa com os dedos, explica a professora. Apesar do tamanho maior, o Guzheng é mais fácil de tocar que a Pipa, por conta da complexidade dos movimentos. O Guzheng, na atualidade, é usado para todos os tipos de música, já que o som é limpo, “como um rio”, completa a professora.