Um marco na história jesuíta. Assim pode ser definido o seminário internacional A Globalização e os Jesuítas: Origens, Histórias e Impactos. O encontro mais importante da Companhia de Jesus nos últimos vinte anos foi sediado no campus da PUC, entre os dias 26 e 29 de setembro e simultaneamente na Unisinos (RS) e na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (Faje, MG). Acadêmicos de todo o mundo, entre eles o Prepósito Geral da Companhia, padre Peter-Hans Kolvenbach, SJ, fizeram uma reflexão sobre o Jubileu Jesuíta que comemora os 450 anos da morte de Santo Inácio de Loyola e os 500 anos do nascimento de São Francisco Xavier e do Beato Pedro Fabro.
Durante as sessões de comunicação, minicursos, conferências e debates, sacerdotes e leigos foram convidados a olhar o passado da Companhia de Jesus e pensar em meios eficazes de continuar a evangelização. Em um auditório do RDC lotado, Kolvenbach fez o discurso de abertura do seminário. Ao seu lado, a Decana do CTCH, Maria Clara Bingemer; o Provincial da Província Brasil Centro-Leste, padre Alfonso Carlos Palácio, SJ; e o Reitor da PUC, padre Jesús Hortal Sánchez, SJ.
Na primeira conferência do encontro, Kolvenbach destacou a importância de homens como Inácio, Fabro e Xavier. Ele fez uma leitura da história da Companhia de Jesus, desde o seu início até os dias atuais. Além disso, traçou um panorama da entidade na América Latina. No fim da fala, padre Paul Schweitzer, SJ, fez um comentário sobre a diminuição do número dos jesuítas e a aproximação dos leigos à Companhia.
Após o discurso, a exposição Arte e Missão dos Jesuítas no Rio de Janeiro – Uma história para a maior glória de Deus foi inaugurada no Salão do Centro Pastoral Anchieta, com coquetel. Fotos de instituições jesuítas como o Colégio Santo Inácio e a PUC e uma maquete do Morro do Castelo, antes de ser demolido, com a primeira igreja jesuíta do Rio, ficaram expostas até o final do seminário.
Entre as conferências, a do professor espanhol Nicolas Extremera Tapia abordou dois jesuítas importantes para a história do Brasil: os padres José de Anchieta e Manuel da Nóbrega. Tapia definiu Anchieta como o criador de modelos literários de evangelização e destacou Nóbrega pelo seu trabalho de catequese e defesa dos índios brasileiros.
Assunto incomum foi o da conferência do executivo americano Chris Lowney. Por sete anos estudante jesuíta, ele acabou não se tornando padre. Atualmente, além das funções que exerce em sua empresa, Lowney escreve livros sobre a inspiração que a liderança jesuíta pode dar às empresas. Lowney abordou como tema As características da liderança à luz da Companhia de Jesus.
Dois professores franceses foram destaque na manhã de quinta-feira, 28. Enquanto François Marty, SJ, analisou os sentidos espirituais através de um estudo antropológico, Dominique Bertrand, SJ, falou dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio e contextualizou a fundação da Companhia de Jesus com o momento difícil pelo qual passava a Igreja Católica quando da reforma protestante.
– Foi em um cenário de reforma e contra-reforma que surgiu a figura de Inácio de Loyola. Ao contrário de outros pensadores, que resolveram seguir outro rumo, Loyola, principalmente através dos Exercícios Espirituais, aproximou-se da Igreja e teve a idéia de fundar a Companhia de Jesus, explicou Bertrand.
Os minicursos foram ministrados durante a penúltima tarde de encontro. O mais aguardado foi o do professor Bartolomeu Meliá, SJ, que falou sobre as missões jesuítas nos Sete Povos das Missões. Estudioso da língua guarani e da vida indígena, Meliá utilizou um mapa da América do Sul para ilustrar seus exemplos.
Durante o seminário, muitos debates foram levantados, discussões iniciadas em busca de mecanismos novos de evangelização em pleno século XXI.
– O importante é que todos os jesuítas brasileiros pensem juntos no futuro do processo de evangelização e, a partir daí, partiram para a ação, assinalou Maria Clara Bingemer.
Edição 177