Fechado desde junho do ano passado para manutenção, o Cine Odeon, último templo cinematográfico da Praça Floriano Peixoto, região conhecida como Cinelândia, no Centro do Rio de Janeiro, reabriu, no dia 20 de maio, rebatizado como Centro Cultural Luiz Severiano Ribeiro. Nesta nova fase, além da exibição de filmes, o espaço vai receber sessões de ópera, balé, festivais, seminários e outras atividades culturais e acadêmicas. A transformação do Cine Odeon ainda consolida a parceria entre o Grupo Luiz Severiano Ribeiro e a PUC-Rio.
Com esta iniciativa, alunos, professores e funcionários da Universidade que apresentarem a carteira da PUC na compra de ingressos vão obter descontos promocionais. Ao adquirir uma entrada, inteira ou meia, o visitante ganha outro bilhete da mesma categoria. Além disso, haverá uma sessão mensal do Cineclube PUC, com a exibição de filmes produzidos por alunos e ex-alunos do curso de Cinema. A Mostra PUC-Rio/Kinoplex de Cinema também vai fazer parte da programação, com o conteúdo produzido nas disciplinas de Projeto de Filme I e Filme II.
Para Luiz Severiano Ribeiro Neto, presidente da rede Kinoplex, do Grupo Severiano Ribeiro, recuperar um local histórico, como o Odeon, é um presente pelos 450 anos da cidade carioca. De acordo com ele, a internet não é uma concorrente do cinema de rua porque as pessoas têm a necessidade de sair de casa.
– Não queremos blockbuster aqui. Não quero passar Os Vingadores, não quero passar Homem de ferro. A ideia do Sergio Sá Leitão (diretor de programação do Centro Cultural) é poder passar filmes como Star Wars, mas não o novo e sim o lançado há 20 anos. Manter um cinema de rua é um desafio, mas gostamos de desafios e acreditamos no que estamos fazendo.
O primeiro filme projetado na tela do novo Cine Odeon foi o longa-metragem O Vendedor de Passados, dirigido por Lula Buarque de Holanda, da Conspiração Filmes. A pré-estreia da obra, após a cerimônia de reabertura do novo espaço, deu início às atividades culturais do lugar. Para Lula, a revitalização do polo cinematográfico é importante para manter a história da cidade e impacta na relação entre o espectador e o filme.
– O Odeon é um cinema que eu frequentei a vida inteira, ele traz uma experiência quase do passado, porque é muito difícil você ter um cinema que una tantas pessoas. A experiência de assistir a um filme em uma sala de cinema, com 600 pessoas, é totalmente diferente de ver um pelo tablet. Muda totalmente a emoção. Sem contar que as paredes contam histórias. É muito gratificante exibir o filme pela primeira vez no Odeon.
Durante a solenidade, o Reitor padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J., após discursar, aspergiu água benta na sala de cinema, abençoou o local, e desejou que o Cine Odeon nunca feche. Ele também ressaltou a importância de preservar a tradição cinematográfica e estimular a reflexão acadêmica.
– A parceria entre o Grupo Severiano Ribeiro e a PUC-Rio permitirá manter esse espaço tão valioso da antiga Cinelândia. O que possibilita uma programação cultural que valoriza a riqueza e o potencial do cinema brasileiro e abre espaço para uma reflexão mais profunda sobre a importância do cinema na transmissão de valores que fazem parte da nossa brasilidade.
A programação do novo centro cultural já tem confirmados, para este ano, o Festival do Rio, o Festival Varilux de Cinema Francês e o festival de filmes de animação Anima Mundi.