No século XIX, a região hoje conhecida como Gávea era uma freguesia rural constituída por fazendas e chácaras que formavam a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, situada no então chamado Caminho da Tijuca. Em uma dessas chácaras, o arquiteto francês Auguste Henry Victor Grandjean de Montigny (1776-1850), iniciou a construção da residência da sua família, finalizada na década de 1820. Ele projetou um solar que adaptava uma planta residencial neoclássica francesa integrada ao clima tropical, edificado sobre as ruínas do Engenho do Vale da Lagoa em um terreno onde funcionava uma olaria que utilizava mão de obra escrava e havia uma criação de animais para consumo próprio.
Reconhecido por sua beleza e por ser um dos mais significativos exemplares de residência neoclássica produzida em território brasileiro, o Solar foi tombado pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, atual IPHAN, em 1938. Com a inauguração do campus da Gávea em 1955, o prédio passou a fazer parte da PUC-Rio e mais tarde a sediar a Reitoria. No ano de 1980, o Solar foi restaurado e transformado em Centro Cultural da PUC-Rio com a finalidade de acolher e promover atividades artísticas e culturais para a comunidade acadêmica e a população da cidade.
A riqueza e o interesse do Solar Grandjean de Montigny está em sua edificação e em seus traços, nas exposições de artes plásticas, arquitetura e história que realiza há mais de três décadas e por abrigar o Projeto Portinari. Como monumento artístico e patrimônio nacional, o Solar abre as suas portas para acolher a diversidade intelectual e cultural que caracteriza essa Universidade.
Eduardo Gonçalves
Mestre em História Social da Cultura | Pesquisador do Núcleo de Memória da PUC-Rio
Edição 245