Dança e torcida nas alturas
05/10/2017 00:00
Thays Viana

Líderes de torcida são responsáveis por manter a animação do público universitário antes das competições. A combinação de ginástica artística e acrobacia vira modalidade esportiva

Time Cheer Golden Squad, composto por estudantes da Atlética de Artes e Comunicação Social Foto: Fernando Raposo

O que para alguns é apenas uma forma de animar a torcida com músicas soletradas, gritos de guerra, meninas bonitas e pompons coloridos, para o Comitê Olímpico Internacional (COI) já é oficialmente um esporte.  A União Internacional de Cheerleaders (ICU) passará a fazer parte do grupo de federações de esportes que são reconhecidas pela principal entidade olímpica do mundo. Isso não faz do cheerleader (líder de torcida em português) um esporte olímpico, mas pode ser o primeiro passo para que isso ocorra nos próximos anos. No Brasil, ele é regulado pela União Brasileira de Cheerleading. A ICU foi fundada em 2004 e tem 4,5 milhões de associados em mais de cem países. O Campeonato Mundial do ano passado, por exemplo, reuniu mais de 16 mil participantes.

O cheerleading é uma mistura de acrobacias e ginástica artística, com um apelo estético, com uma música específica que demarca a coreografia. Ele requer um intenso preparo físico e um treinamento acompanhado por um profissional especializado na área.

Os filmes americanos associam o esporte ao gênero feminino, porém, ele é também praticado por homens, que são fundamentais nas acrobacias que requerem força e segurança, principalmente. Já existem várias competições pelo Brasil e, apesar de as regras e de os códigos de pontuação não serem tão conhecidos pelo público em geral, é um esporte que cresce com frequência no país.

Um fator que contribui para esse avanço é o apoio das universidades ao esporte. O biomédico Marcio Tavares, de 32 anos, trabalha como técnico de cheerleading há oito anos. Ele é treinador do time de Engenharia e de Comunicação Social/Artes & Design da PUC-Rio. Além dessas duas equipes, é treinador de três equipes fora da Universidade. Ele já praticou o esporte na Austrália, Canadá, Inglaterra e Estados Unidos e conta que absorveu a melhor técnica de cada país para aplicar em um formato aqui no Brasil.

– O cheerleading me conquistou justamente porque não existe um perfil, um biotipo específico para fazer parte de uma equipe. Você consegue achar uma função para cada pessoa.

No ar, a posição chamada de ´flyer´(voador) do time, que se lança para os bases laterais e bases traseiras. Foto: JP Araújo


As posições são definidas de acordo com a aptidão e as características de cada um. As bases laterais precisam ser compostas por pessoas fortes, mas a altura não interfere tanto enquanto as bases traseiras também precisam ter força e, além disso, devem ser pessoas altas. Já para a posição chamada de ‘flyer’ (voador) é necessário ser alguém leve e, de preferência, flexível. A segurança é um requisito relevante, pois o cheerleading, segundo Márcio, é um dos esportes mais perigosos pelo fato de os atletas serem lançados de forma repetida a alturas extremas e sem nenhum tipo de proteção diretamente no corpo.

A dança não é o mais importante dessa modalidade. De acordo com Tavares, além dos movimentos acrobáticos, o esporte reúne fatores como autoconfiança, trabalho em equipe, concentração e exige determinação para executar as manobras. Segundo ele, poucos esportes trabalham de maneira tão completa e intensa em relação ao corpo e à mente do atleta como é feito no cheerleading. Estudante de Design da PUC, Letícia Figueiredo, de 19 anos, é flyer no time Cheer Golden Squad, equipe de cheerleading dos cursos de Artes&Design, Arquitetura e Comunicação Social. Ela diz que já perdeu as contas de quantas lesões sofreu durantes os treinos e competições, mas que faz parte da rotina do esporte.

– Competimos em maio de 2017 e ficamos em segundo lugar por muito pouco. Foi a competição que mais nos superamos. Eu sou cheer profissionalmente há dois anos, mas já pratico há cerca de dez de forma amadora.

Os times acompanham as atléticas de cada curso específico como forma de animar os participantes nas competições anuais. As equipes de cheear elaboram coreografias e músicas para os jogos em parceria com a bateria de música do curso. Estudante de Comunicação Social, Dilan Kayne, de 20 anos, não esconde a paixão pelo esporte e afirma que entra em desespero se por algum motivo não participar do treino.

– As minhas experiências em competições são muito boas. É uma motivação, de ver que a gente pode melhorar e se empenhar cada vez mais em relação às outras equipes.

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