Projeto de prevenção do câncer de mama na Rocinha
27/10/2016 17:40
Marcelo Antonio Ferreira e Thays Viana/ Fotos: Divulgação MED PUC Rio

Escola Médica da PUC-Rio cadastra mulheres da comunidade e oferece tratamento completo

Considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um problema de saúde pública, especialmente entre os países em desenvolvimento, os casos de câncer têm aumentado no mundo inteiro. No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer, para os anos de 2016 e 2017, deve ocorrer cerca de 600 mil casos novos de câncer. Entre os diversos tipos da doença, o mais frequente nas mulheres é o de mama, com o prognóstico de 58 mil novos casos nestes dois anos.

O Câncer é uma doença que pode surgir a partir de diversos fatores, tanto por herança genética como por excesso de peso, por exemplo. Os cânceres de mama são mais comuns em mulheres a partir de 50 anos de idade. Os registros em mulheres de até 35 são considerados raros. Por ser considerada uma doença de responsabilidade pública, foram desenvolvidas, políticas governamentais no Brasil, desde meados dos anos 80, com programas de medidas de controle. Os programas consistem em: prevenção primária, detecção precoce, tratamento, reabilitação, e cuidados paliativos. A mamografia é recomendada para mulheres a partir dos 40 anos, e o famoso ‘toque’ pode ser feito pela própria pessoa no espelho como forma preventiva. Porém, o diagnóstico só pode ser realizado, a partir de uma biópsia em face a uma alteração suspeita nos exames. Caso seja detectado o tumor será iniciado o tratamento.

Sede da Escola Médica de Pós Graduação de Medicina da PUC -Rio


Com o objetivo de realizar um trabalho de prevenção, a Escola Médica de Pós-Graduação da PUC-Rio desenvolveu um projeto contra o câncer de mama, na Rocinha. O Decano do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), professor Hilton Koch, é o idealizador e responsável à frente ao programa. Ele explica que o projeto oferece tratamento completo às mulheres da comunidade e procura identificar os tumores, combatê-los, além de realizar um trabalho para elevar a autoestima das mulheres.

- O diferencial do nosso projeto fica em relação ao acompanhamento que damos às mulheres, que não se estende apenas ao diagnóstico. Fornecemos tratamento em todas as etapas da doença. Desde a mamografia à cirurgia de reconstituição plástica.

Ação do Outubro Rosa na Biblioteca Parque Rocinha


Para fazer o acompanhamento, primeiro as mulheres realizam um cadastro na Escola Médica, que ocorre aos sábados, na Biblioteca Parque, na Rocinha. Em seguida, são encaminhadas para a Santa Casa de Misericórdia, no Centro da Cidade, para o exame de mamografia. Se algo for identificado, o material será levado para biópsia. Caso o diagnóstico para câncer seja confirmado, é realizada a cirurgia e os tratamentos pós-cirúrgicos, como quimioterapia e radioterapia. Após todas as etapas serem concluídas, e se confirme que não há mais nenhuma célula cancerígena no corpo, as mulheres são levadas à Clínica Ivo Pitanguy, onde começam o processo de reconstituição plástica mamária.

Segundo a assistente social Erica Sena, responsável pela divulgação e cadastro de mulheres na Escola Médica, uma das principais preocupações do projeto é manter a qualidade de exames e se certificar que nenhuma mulher passe por algum tipo de procedimento que venha a ser desnecessário. A categorização é feita por Bi-Rads, que são as categorias para a avaliação mamária. Erica afirma que a triagem é criteriosa.

- As mulheres que são diagnosticadas com o tipo três seguem com acompanhamento constante para saber se há um câncer em desenvolvimento, ou não. Muitas mulheres diagnósticas que apresentam Bi-Rads um e dois, têm a mama retirada, de forma errônea, por outros profissionais. O diagnóstico equivocado causa a cirurgia desnecessária. Por isso a nossa preocupação (Escola Médica) em manter esses exames atualizados.

A empregada doméstica Francinéia Martins, moradora da Rocinha, está em fase de realização de exames. Ela conheceu o projeto por meio do filho, e conta, que apesar de ter ciência da importância da mamografia, os altos valores cobrados pelas clínicas privadas, sempre foram um empecilho.

– Realmente gostei muito. Todas as mulheres que contei ficaram muito felizes e, falaram que também estão com vontade de fazer. Uma vez fiz pela clínica da família e demorou demais. Só para o agendamento do exame, demorou quatro meses. E isso já tem três anos. Tinha sempre vontade de fazer de novo, mas é pago e nunca sobrava dinheiro.

Câncer de mama nos homens

Apesar de raro, é possível que homens também tenham câncer de mama. Pelo fato da doença se desenvolver no tecido mamário, permite que os homens sejam capazes de adquiri-la, assim como as mulheres. Apenas 1% dos casos da doença são masculinos. O médico Carlos Ricardo Chagas, professor de mastologia da Escola Médica de Pós-Graduação, aconselha para que os homens criem o hábito de fazer exame sempre que forem a um clínico ou cardiologista.

– Os homens que possuem a mama desenvolvida, condição chamada de ginecomastia, devem prestar mais atenção e ir ao mastologista para ter um acompanhamento.
Em todos os casos detectados, é necessário realizar a mastectomia, procedimento de retirada total da mama, por conta do tamanho ser menor do que o das mulheres, que em algumas situações conseguem preservar boa parte do seio.

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