Por uma educação ambiental
09/12/2015 22:40
Matheus Paulo Melgaço / Fotos: JP Araújo

Associação de moradores da Gávea promove projeto ambiental que já plantou 73 árvores nas ruas do bairro


Além do clima calmo e acolhedor, quem anda pelas ruas do bairro da Gávea, na Zona Sul do Rio de Janeiro, observa que alguns espaços onde um dia havia árvores, hoje recebem um recado: “Verde Gávea”. O aviso, que em pouco tempo se espalhou por todas as ruas do bairro carioca, fez parte da campanha Projeto Verde Gávea, uma parceria entre a Associação de Moradores da Gávea (AmaGávea), a prefeitura do Rio de Janeiro e o consórcio da linha 4 do metrô. O objetivo era revitalizar e ampliar a arborização e a vegetação do bairro para minimizar os excessos de ruídos, preservar a biodiversidade, valorizar a estética vegetal, além de contribuir para a educação ambiental dos moradores do bairro. Foram plantadas 73 mudas de diversas espécies na região.

De acordo a AmaGávea, as ações do projeto são conduzidas em sete pontos: realizar um levantamento da vegetação existente e de áreas degradadas; intervir para um novo plantio; obter árvores ornamentais e frutíferas com instituições públicas presentes no bairro; promoção de cursos e palestras para conscientizar a comunidade do bairro sobre a importância da recuperação das espécies vegetais; instituir o Dia da Gávea Verde; estimular a criação de uma Feira Orgânica.

Presidente de associação de moradores, o economista aposentado Rene Hasencleve, de 67 anos, esclarece que a ideia do projeto surgiu por causa da construção da linha 4 do metrô, em que muitas árvores foram destruídas. Ele afirma que as mudas já foram plantadas pela Prefeitura e o que falta é realizar a distribuição entre os moradores.

- Com a danificação das árvores e com a ajuda de alguns moradores ilustres do bairro, como o pai da cantora Marisa Monte, nós conseguimos lançar o projeto. Com a ajuda da Prefeitura, as mudas foram plantadas. A parte que falta e que lançaremos em janeiro é distribuir algumas mudas para os moradores, a fim de incentivar a educação ambiental no bairro.

Biólogo por formação e professor de Ética Ambiental da Universidade, o Reitor da PUC-Rio, padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J., acredita ser uma tendência a elaboração de uma agenda ambiental entre organizações civis e órgãos públicos. No entanto, ele ressalta a importância do acompanhamento de grupos científicos para a seleção de espécies adequadas.

- É evidente que as ações de moradores e organizações da sociedade civil tendem, cada vez mais, a incorporar em suas agendas a preocupação ambiental. É um esforço louvável. Só chamaria atenção para o cuidado da seleção das espécies. O bairro da Gávea é cercado pela biodiversidade da Mata Atlântica. Nós temos que trazer às ruas espécies que sejam representativas desse ecossistema. Não é interessante trazer plantas originárias de outros países, pois elas não representam o nosso ecossistema. Às vezes, as pessoas não têm conhecimento científico e nem tecnológico. Por isso, essas boas ações devem ser orientadas por instituições de ensino que têm maior experiência em pesquisa.

Uma das consequências de iniciativas como esta, segundo padre Josafá, é um aprendizado para as futuras gerações sobre a importância do meio ambiente para o homem.

- A educação ambiental se faz a partir da prática, do dia a dia. É o conhecimento de algo que faz parte do seu território. Iniciativas assim fazem com que as próximas gerações cresçam com a consciência da importância de uma arborização ecossistêmica rica e coerente.

Nascido e criado no Parque da Cidade, aos 51 anos e com mãos visivelmente calejadas de quem muito já trabalhou, Luiz Antônio, que há três vende coco na porta da Universidade, também não deixou de observar as plaquinhas pelas ruas do bairro. Ele relembra que há poucos dias brigou com alguns jovens que tiraram a plaquinha do lugar e a chutaram. Ele acrescenta que é uma boa ideia a iniciativa dos moradores.

- Eu estava descendo para vir para a PUC quando vi dois garotos tirando a placa do lugar. Eu logo perguntei qual era o motivo, o por quê estavam fazendo aquilo. Infelizmente, o pessoal ainda não tem consciência. Quando eles viram um homem no carro filmando, logo colocaram no lugar arrumadinho novamente. A ideia é boa. Ajuda a natureza. Precisamos dela para respirar. Se tudo acabar, como é que fica?

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