A falta que ela nos faz
21/05/2014 18:33
Andrea Ramal

Coluna da Associação de Antigos Alunos da PUC-Rio (AaA-PUC-Rio)

Sua presença no currículo é lei, mas nem todas as escolas conseguem incorporá-la como deveriam. E ainda assim, isso acontece só no ensino médio, quando deveria ser desde a infância. Mais tarde, no mundo acadêmico, sentem-se claramente as lacunas que a sua ausência deixa no pensamento dos jovens. Estou falando dela: a Filosofia.

Questões importantes que a humanidade se coloca desde a Grécia Antiga deveriam ser trabalhadas na escola, com crianças – com as devidas adaptações. A série inglesa da BBC, “What makes me me?”, pós-produzida pela MultiRio e veiculada pelo Canal 26 da Net, é uma prova disso. Nela, animações baseadas em histórias clássicas como o barco de Teseu ou a fábula do sapo e o escorpião servem como introdução ao pensar e estimulam novas formas de olhar o mundo.

Na Inglaterra, os professores usam a série em sala de aula. Assistem aos vídeos com a turma e, na sequência, debatem as perguntas que as histórias apresentam. Por exemplo: “O que é justo?”; “O que me faz escolher ser bom e não fazer maldades?”; “Eu faria algo errado se não tivesse ninguém vendo?”; “Os animais não conseguem ir contra a própria natureza; e as pessoas, conseguem?”. As crianças se surpreendem porque não há necessariamente respostas “certas” ou “erradas”, o que importa é aprender a questionar.
Mais além do que usar a cabeça para resolver problemas de matemática ou interpretar textos em português, a criança aprende, na introdução à filosofia, um outro tipo de pensamento. É convidada conhecer melhor a si mesma e a se indagar sobre a realidade. Claro que os benefícios transcendem o próprio raciocínio filosófico e podem impactar positivamente outras competências, como o pensamento lógico-matemático, a criatividade, a imaginação, a capacidade de argumentação, a sensibilidade.

Trazer questões de filosofia para as crianças, de forma acessível e divertida, é um modo de despertar nelas a inquietude da razão e o desejo se aventurar no conhecimento. Isso traria benefícios significativos no desempenho dos estudantes no ensino superior.

Andrea Ramal
Presidente da AaA-PUC-Rio

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