Rótulos para todos os paladares
30/06/2016 15:21
Ana Carolina Salvador

A revolução no mundo cervejeiro provocou alteração em sabores e layouts

a inovação proporcionou mudança de sabores e interferiu na representação visual das marcas artesanais

A cultura cervejeira começou nos Estados Unidos como um movimento que retomou o gosto pela cerveja artesanal. E os que queriam novidades começaram a questionar que não havia variedades de sabor. Diante da insatisfação, novos ingredientes foram inseridos, como especiarias e frutas. Mas a inovação não influenciou só as receitas, mas os rótulos também.

Diante dessa curiosidade, Jader Mattos, 36 anos, passou a se interessar por cerveja artesanal, quando estava prestes a terminar a faculdade de design em 2012. Nessa época, ele começou a conhecer cervejeiros caseiros e, um tempo depois, até mesmo cervejarias de médio porte. No trabalho de conclusão de curso, desenvolveu embalagens para a linha artesanal de um amigo. Desde então, passou estudar a identidade visual desse tipo de bebida e a lei de embalagens.

Quando começou o mestrado, em 2014, na PUC-Rio, Mattos desenvolveu uma pesquisa voltada para a linguagem do rótulo de cervejas artesanais. Ele concluiu que vigoram dois tipos: mais tradicional e inovador. Este foi o foco da pesquisa, e consiste em mostrar como as embalagens realçam as sensações que a bebida causa.

 – Os rótulos nem sempre vão querer transmitir a coloração do líquido, mas sim a cor que desperta a sensação proporcionada pela bebida. Um exemplo disso é a cerveja IPA, que é mais amarga e pode ter sabor cítrico, por isso, aparece o verde para excitar a sensação do sabor.

O movimento cervejeiro é recente no Brasil e fez com que as cervejarias assumissem o papel da inovação, com a adição de temperos e frutas nas receitas. Mattos explica que a linguagem tradicional reivindica a origem da bebida, pois adota a lei da pureza como certifi cado de qualidade. Este princípio alemão preza pela conservação da receita tradicional, que não deve ter nada além de água, lúpulo, malte e levedura. O rótulo tradicional costuma ser de símbolos medievais e europeus, em referência à origem alemã e inglesa da cerveja. Já os produtores de cervejas mais recentes acreditam que a qualidade está na atribuição de diversos sabores e aromas.

A cerveja artesanal tem uma carga tributária pesada, mas pouco investimentos. Geralmente, quando o produtor começa a fabricação, ele não detém muitos recursos para investir no negócio. Por isso, observa Mattos, no momento de investir no design da marca não há dinheiro sufi ciente, o que faz com que os produtores deixem a autoria dos rótulos por conta de ilustradores. Segundo Mattos, esses motivos difi cultam o investimento em design e, por nem sempre ser feito por um especialista, o desenho não satisfaz nos aspectos de alinhamento, contrastes e legibilidade.

Atualmente, Mattos trabalha por conta própria como designer especializado em rótulos de cervejas artesanais e desenvolve a identidade visual de cervejarias do Rio de Janeiro, São Paulo e Vassouras.

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