Brasil ganha mais força no Vaticano
12/03/2014 00:00
Ana Costa, Davi Barros e Daniel Pinheiro / Foto: Gabriela Garrido

Arcebispo do Rio de Janeiro é o único brasileiro entre os dezenove novos cardeais


O Arcebispo do Rio de Janeiro e Grão-Chanceler da PUC-Rio, Dom Orani João Tempesta, O. Cist., foi investido do chapéu cardinalício (que equivale a receber o título de cardeal) no dia 22 de fevereiro, durante o primeiro Consistório Ordinário Público do Papa Francisco para a criação de novos cardeais, na Basílica de São Pedro, em Roma. Na ocasião, o Papa Francisco entregou aos novos cardeais os três símbolos que estão diretamente ligados à vida e à missão deles na Igreja: o barrete, o anel e título cardinalício. Dom Orani é o único brasileiro entre os 19 nomeados pelo Papa Francisco no dia 12 de janeiro.

Para Dom Orani, a nomeação é uma graça, mas que, ao mesmo tempo, requer grande responsabilidade.

– O cargo é de uma missão muito importante e que exige de mim uma dedicação muito maior, uma visão universal da Igreja, para poder bem assessorar e estar junto com o Santo Padre, que não é apenas líder da Igreja Católica, mas é um líder mundial – disse.

As vestes cardinalícias vermelhas reforçam a opinião de Dom Orani. A cor representa o martírio, o sangue daqueles que foram chamados a dar a vida por Cristo e pela Igreja.
Segundo a professora do Departamento de Teologia da PUC-Rio Maria Clara Bingemer, embora a América Latina seja o continente com o maior percentual de católicos – 40% da população mundial –, é paradoxal que o número de cardeais seja inferior ao da Europa, que tem 23% dos seguidores da religião no mundo. Para ela, o fato de o atual Papa ser sul-americano contribuiu para a nomeação de Dom Orani, e já é possível perceber mudanças do pontificado de Francisco.

– O Papa ser latinoamericano significa levar a América Latina para o coração do Vaticano. E isso tem uma enorme importância. Acho que agora o estilo latino de viver a fé vai ficar mais visível, e isto é bom. Sempre que a diferença é integrada, o resultado é positivo – disse.

Esta maneira característica de viver a fé também foi ressaltada pelo diretor do Departamento de Teologia da PUC-Rio, padre Leonardo Agostini, S.J. Ele lembrou a primeira audiência que o papa Francisco concedeu aos jornalistas, quando o Santo Padre declarou que a Igreja deve ser pobre. De acordo com Agostini, a Igreja Latino-Americana e Caribenha é essa: viva, vibrante e muito marcada por expressões de piedade popular.
– A opção preferencial pelos pobres feita na Igreja Latino-Americana e do Caribe é, sem dúvida alguma, um marco histórico na nossa Igreja. Porque é inconcebível, para a nossa Igreja, que a pregação do Evangelho não venha acompanhada de justiça social. É papel da Igreja promover a libertação integral do ser humano. Nesse sentido, a nomeação do Dom Orani como Cardeal é um forte apoio ao Ministério Petrino do Papa Francisco – declarou.
A professora Maria Clara acrescentou também que, além da nacionalidade, a nomeação de Dom Orani levou em conta de o Brasil ter a primeira sede cardinalícia na América Latina.

– O fato de o Rio de Janeiro ter sempre sido sede cardinalícia, e foi a primeira no Brasil, é um fator decisivo para a escolha – afirmou

Comunicado Arquidiocese

No dia 13 de fevereiro, a Sala de Imprensa da Santa Sé publicou a carta enviada pelo Papa Francisco aos novos cardeais. No início da mensagem, o Pontífice assegura a proximidade espiritual e constante oração dele aos novos membros do Colégio Cardinalício. O Pontífice ressalta que o cardinalato não é uma promoção nem uma honra, ou uma condecoração, mas um serviço que exige ampliar o olhar e alargar o coração. De acordo com Francisco, este serviço só é possível quando se segue pelo mesmo caminho do Senhor: a via da humildade e esvaziamento de si mesmo.

“Desejo que, enquanto agregado à Igreja de Roma, revestido das virtudes e sentimentos do Senhor Jesus, você possa me ajudar com fraterna eficácia em meu serviço à Igreja universal”, pede Francisco aos nomeados.

Agora o Brasil passa a ter dez cardeais, cinco votantes, obrigatoriamente com menos de 80 anos, em um eventual conclave.

Os cardeais brasileiros são, além de Dom Orani, Dom Eusébio Oscar Scheid, do Rio de Janeiro; Dom Paulo Evaristo Arns, de São Paulo; Dom José Freire Falcão, de Brasília; Dom Serafim Fernandes de Araújo, de Belo Horizonte; Dom Cláudio Hummes, de São Paulo, e Dom Geraldo Majella Agnelo, de Salvador. Também os arcebispos Dom Odilo Pedro Scherer, de São Paulo; Dom Raymundo Damasceno Assis, de Aparecida e Dom João Braz de Aviz.

GLOSSÁRIO

• ARCEBISPO - É o bispo de uma Arquidiocese.

• BARRETE - Veste litúrgica.

• CARDEAL - Religioso nomeado pelo Papa para integrar o Colégio Cardinalício, que auxilia o Pontífice em diversos assuntos.

• CONCLAVE - Reunião sigilosa de Cardeais para eleger o Papa.

• CONSISTÓRIO - Reunião em que os Cardeais são convocados para dar assistência ao Papa nas suas decisões.

• MINISTÉRIO PETRINO - Exercer o Ministério Petrino é assumir o serviço que foi de São Pedro, o primeiro papa da Igreja.

Seção Panorama

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