Brasileiros recuperam o costume de protestar
15/07/2013 11:03
Renata Spolidoro/Foto: Marcelo Camargo/ABR e Renata Spolidoro

O motivo original das manifestações foi o aumento da tarifa de ônibus

Rapaz se manifesta contra os atos violentos


A principal reivindicação era contra o aumento das tarifas de transportes. Depois da ação violenta da Polícia Militar para conter manifestantes, os protestos, em São Paulo por exemplo, tomaram proporções enormes. A revolta se estendeu por outros estados brasileiros. No Rio de Janeiro, 100 mil manifestantes ocuparam as ruas do Centro pela redução de R$ 0,20 no preço das passagens e por melhores condições de transporte, saúde e educação.

Professor do Departamento de Ciências Sociais da PUC-Rio, Ricardo Ismael analisa a gota d’água para os movimentos que tomaram as ruas do Brasil. Para ele, a repercussão ultrapassou a iniciativa dos estudantes e ecoou na sociedade como um todo.

– Então, quando a polícia veio para reprimir o movimento, os estudantes compraram ainda mais aquele movimento. Agora era pelo direito de protestar também, além da questão de tentar derrubar o aumento das passagens.

O Levante Democrático das Ruas do Brasil, como chamou o professor Marcelo Burgos, surgiu sem líderes partidários. Para ele, essa particularidade do movimento não é por acaso.

– Os jovens perceberam que se tiverem uma interlocução clara, serão chamados por programas de televisão, por autoridades para representar uma coletividade que não representamos. Então, é também um truque não ter uma liderança que sirva de interlocutor para uma resposta pronta e imediata.

Diariamente, 4.480 pessoas usam transportes públicos no Rio de Janeiro e gastam, em média, R$ 5.

– A gente deveria estar investindo em trem, ônibus, metrô. Cidades muito populosas precisam de transporte de massa para dar agilidade – observa Ricardo Ismael.

A agência de transportes, na opinião de Marcelo Burgos, tem sido omissa com os direitos da população.

– É uma situação que acaba ganhando a cena pública e um protagonismo político – reflete o professor Marcelo Burgos.

O grito da população inicialmente por transporte é contra todo vandalismo sofrido diariamente por todo povo.

– Mobilidade é como sangue. Se os cidadãos não circulam, eles perdem muito dos seus direitos. Do direito à cidade – diz Burgos.

Edição 272

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