Santidade revelada desde jovem
10/06/2014 16:51
Ericka Kellner/ Colaboração Fernando Loureiro

O Apóstolo do Brasil foi nomeado aos 19 anos mestre do colégio de Piratininga e dos demais padres

Um evangelizador jovial, terno e amigável. Padre César Augusto dos Santos, pesquisador responsável por organizar o processo de canonização de Anchieta dentro da Igreja Católica, considera que essas eram algumas das principais características do Apóstolo do Brasil. José de Anchieta, que demonstrou santidade desde cedo, chegou ao Brasil aos 19 anos e foi nomeado por padre Manuel da Nóbrega não apenas como mestre do colégio de Piratininga, mas também como mestre de seus companheiros. Um reflexo da vasta cultura e do espírito corajoso do jesuíta, que nasceu na Espanha, estudou em Portugal, mas viveu 44 anos no Brasil.

Padre César, que trabalha na Rádio Vaticano, em Roma, considera que a canonização do beato significa um reconhecimento da boa ação dos jesuítas.


– Simboliza a legitimação das nossas origens. Embora tenha havido alguns enganos, a ação dos missionários foi uma ação correta. Os jesuítas preservaram o tupi, que é a língua
dos indígenas. Anchieta ensinou escrita, a evangelização era de acordo com o modo de ser dos indígenas, ele foi conhecer a medicina desses povos. Tudo dentro da concepção da medicina, vamos chamar assim, indígena. Não foi uma imposição, mas uma encarnação dentro daquela realidade – afirma.


O pesquisador ressalta a habilidade do jesuíta em evangelizar os índios dentro da cultura
nativa, com o cuidado de se adaptar aos costumes desses povos sem impor a cultura católica. Ao contrário de alguns colonizadores que queriam impor o cristianismo, o interesse de Anchieta, aponta padre Cesar, era levar o Evangelho de Jesus Cristo.


O pesquisador lembra do episódio em que Anchieta se ofereceu como refém e ficou dois meses em Iperoig, hoje Ubatuba, a fim de ajudar na pacificação dos tamoios. Segundo padre César, isso faz com que o santo seja referência de como é possível enfrentar os desafios e não fugir a eles.


As cartas de Anchieta são apontadas pelo pesquisador como os documentos mais representativos do levantamento que realizou. Em uma delas, na qual descreve as características naturais da Capitania de São Vicente, Anchieta fala da fauna, flora, dos acidentes geográficos e sobre o clima. Esses textos, escritos em maio de 1560, serviram de inspiração para a criação do dia 30 de maio como o Dia Nacional da Mata Atlântica.


– Anchieta deixou de ser da Companhia de Jesus, da Igreja e do Brasil. Ele é para todo mundo e isso a história mostra, as pessoas procuram. Por isso, faz sentido essa canonização e faz sentido nós desenvolvermos o conhecimento sobre Anchieta – afirma.

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