Reptiles ganha prova de tração
07/04/2015 17:06
Julia Pimentel

Grupo também conquistou o segundo lugar em gestão

A lama no veículo, em exposição nos pilotis do Edifício Cardeal Leme, comprova os desafios da competição

A equipe Reptiles da PUC- -Rio obteve, pela primeira vez, o melhor resultado geral na competição Baja SAE Brasil (Society of Automotive Engineers). A Universidade conquistou o primeiro lugar da categoria tração na Prova Dinâmica e o segundo lugar em gestão na Prova Teórica. O campeonato ocorreu entre os dias 5 e 8 de março, em Piracicaba, São Paulo, e reuniu equipes de todo o país.

O Caiman, carro vencedor desenvolvido pela equipe, demorou dez meses para ser construído de forma que ficasse competitivo e dentro dos padrões de segurança da SAE. Segundo Marcelo Tristão, aluno do 9º período de Engenharia Mecânica e Diretor de Projetos da equipe, passar pelos padrões da competição já é um grande desafio.

– Temos que reunir uma equipe, projetar e construir um carro que esteja dentro das normas da competição. Além de fazermos o projeto, o carro ainda precisa ter os padrões de segurança reconhecidos e aceitos pela Sociedade Mundial de Engenharia Automotiva e aprovados na vistoria da Sociedade Brasileira de Engenharia Automotiva. Cada carro só pode competir por dois anos, depois temos que recomeçar o processo.

O tempo de permanência dos integrantes é uma das dificuldades enfrentadas pelo grupo, que é formado por 18 alunos de Engenharia e Design da PUC-Rio. De acordo com a equipe, é necessária muita dedicação ao projeto, o que muitas vezes pode até prejudicar o desempenho pessoal nas disciplinas da graduação.

Outro desafio encontrado pelos Reptiles é a falta de patrocínio. O projeto e a construção de carros competitivos necessitam de uma verba superior à disponível. Para a aluna Juliana Emery, do 8° período de Engenharia Mecânica e integrante da área administrativa e de suspensão da equipe, o desejo de fazer o projeto evoluir é o que motiva o grupo.

 –Estamos todos aqui recebendo apenas horas de atividade complementar. Na verdade, estamos aqui por amor ao projeto. O que nos move é que acreditamos no Baja da PUC, na equipe e no potencial da Universidade. Nós fazemos tudo para o projeto andar.

O orgulho em ver o trabalho cumprido é um sentimento que contagia a equipe nas competições. O Diretor de Projetos, Marcelo Tristão, compara o Baja a um filho e considera que todos são responsáveis e devem ser parabenizados pelo resultado final.

 – Chegar lá na competição e ver o nosso carro passando por um teste e concluindo uma prova extremamente rigorosa é a maior gratificação possível.

Para o Reitor padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J., esses prêmios são importantes para o curso, pois mostram uma aprendizagem permanente para enfrentar desafios e romper barreiras. Segundo o Reitor, que visitou o laboratório para conhecer o projeto vencedor, ao participar deste tipo de competição, os alunos potencializam os ensinamentos e podem se preparar melhor para os obstáculos do futuro.

– Para a Instituição é importante porque mostra como a Universidade mantém sua excelência em todos os níveis. Desde o nível teórico até o prático. É gratificante saber que há jovens batalhando para levar adiante o brasão da PUC-Rio.

O próximo desafio do grupo é o Campeonato Regional em agosto, na cidade de Sarzedo, interior de Minas Gerais. Para esta competição, a equipe está fazendo pequenos reparos para melhorar o desempenho do carro apresentado no Nacional. Os Reptiles estão cientes da dificuldade e do equilíbrio entre as outras equipes do Sudeste.

– Eu ouso dizer que é o regional mais difícil do Brasil, que tem as equipes mais bem classificadas – diz Juliana Emery.

O projeto do Baja na PUC foi iniciado pelo professor João Al berto dos Reis Parise, do Departamento de Engenharia Mecânica, nos anos 1990. Segundo ele, a SAE, associação que organiza a competição, buscou a PUC-Rio na década de 1980 para implantar a ideia, com a proposta de formar o futuro engenheiro de mobilidade, o engenheiro automotivo. Conforme o professor, para a associação, a competição é uma maneira de desenvolver as habilidades dos futuros profissionais. Parise acredita na importância do projeto na formação dos alunos.

– Na competição Baja, eles aprendem a trabalhar em equipe, são postos à prova em todos os aspectos e aprendem a lidar com a Engenharia Automotiva. É um aprendizado da maneira mais difícil possível – explica o professor.

 

O desafio

O Projeto Baja SAE é um desafio anual em que os estudantes de engenharia têm a chance de aplicar a teoria aprendida em sala de aula. O projeto qualifica os alunos para o mercado de trabalho. O campeonato é dividido em três etapas: as provas teóricas, de segurança e de dinâmica.

Na fase teórica, os alunos devem fazer apresentações de um relatório com os sistemas do carro detalhados. Em relação à segurança, os juízes avaliam a dirigibilidade, o conforto, entre outros quesitos. Já na prova dinâmica, os carros passam por cinco exames e um circuito, o Enduro, em que os Bajas devem fazer voltas em um percurso por quatro horas. Entende-se como o melhor carro aquele que consegue chegar ao fim das voltas com menos problemas mecânicos.

Este projeto começou em 1976 na Carolina do Sul, nos Estados Unidos. Por aqui, o Projeto Baja SAE BRASIL chegou em 1991, e a primeira competição foi realizada quatro anos depois, em São Paulo. Atualmente, a SAE BRASIL também organiza competições regionais no Sudeste, Nordeste e Sul.

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