Alternativa para economizar
07/04/2015 18:05
Rafael Chimelli

Medidores inteligentes oferecem vantagens para a conta do consumidor


Se o consumo energético das casas brasileiras diminuísse entre 10% e 15%, seria equivalente à metade da energia que a usina de Belo Monte vai gerar. Este é o cálculo da empresa Greenant, formada por ex-alunos da PUC, que desenvolve um projeto, ainda em fase inicial, para acompanhar, individual ou coletivamente, o gasto dos aparelhos de residências e estabelecimentos. Pedro Bittencourt, engenheiro de Controle e Automação, Thiago Holzmeister, designer, e Raphael Guimarães, engenheiro mecânico, têm o objetivo de estimular o uso eficiente e consciente de energia.

O projeto vai funcionar a partir de medidores inteligentes instalados em caixa de disjuntores e conectados à rede wi-fi, que vão coletar dados e, posteriormente, poderão ser consultados em uma plataforma on-line. Os medidores da Greenant dispõem da tecnologia Nialm (Non-intrusive Appliance Load Monitoring), que não exige corte de fios ou cabos para reunir as informações. Eles serão criados pelo Laboratório GIGA da PUC, parceiro da empresa, e responsável pelo desenvolvimento dos protótipos do aparelho.

 Quando o trabalho for finalizado, a Greenant vai fornecer um piloto para que PUC tenha um sistema de medição próprio. A ideia da ferramenta surgiu de uma conversa entre os engenheiros Pedro e Rafael, que enxergaram uma saída para tentar melhorar o consumo de energia em casa.

 – Quando morava com o Rafael, conversávamos sobre a questão de eficiência, porque, se você deixa de consumir, é o equivalente a ter uma fonte de geração. Daí veio essa ideia Medidores inteligentes oferecem vantagens para a conta do consumidor “Se você tem que tomar uma decisão racional, tem que entender o consumo Pedro Bittencourt de as pessoas não saberem o quanto elas gastam de energia e fomos atacar um problema fundamental: se você tem que tomar uma decisão racional, tem que entender o seu consumo. Queremos trazer essa informação a partir do seu gasto de energia – observa Pedro.

 Segundo ele, após a realização dos testes, o plano inicial será fornecer os medidores para consumidores comerciais, como, por exemplo, restaurantes e padarias, pois são estabelecimentos de alto consumo de energia, que não têm uma consultoria especializada para avaliá-lo.

 – A ideia é fornecer essa gestão para pessoas que precisam, mas não têm. Suprir uma demanda específica, para ganhar escala, e ir para o cliente residencial depois. O fundamento é que nós medimos o consumo geral, a entrada. Prende-se um gancho desses em cada uma das três fases do quadro de disjuntor. E com o processamento de sinais para separação de carga, você consegue separar a origem de cada carga. Sem ter que medir cada uma, você consegue saber quanto cada equipamento gastou – explica.

Pelo painel de controle de uma rede social, os dados de consumo vão ser atualizados em tempo real e exibidos em um histórico, para que os usuários possam comparar coletivamente com os gastos do bairro ou da cidade do usuário. Além disso, esta página on-line vai apresentar o Sistema de Alertas Inteligente, que será capaz de sinalizar quando algum aparelho tiver gastos fora do padrão. Haverá ainda a possibilidade de se estabelecer metas mensais de consumo. Thiago Holzmeister aposta que o desenvolvimento do projeto trará vantagens para o bolso do consumidor e também para o meio ambiente.

– Além da economia de dinheiro, a rotina de consumo vai ser mais consciente. O consumidor vai receber orientações de como economizar energia baseadas na própria rotina que o software vai acompanhando. Se a geladeira está gastando o dobro do que sempre gastou, por exemplo, a pessoa vai receber uma notificação de que vale a pena procurar uma assistência técnica – relata Thiago.

No ano passado, os donos da empresa fizeram um financiamento coletivo para encontrar pessoas dispostas a experimentar e financiar o piloto do projeto. Ao comparar a eficiência energética com outras “fontes” de energia, Pedro ressalta que o projeto da Greenant é uma alternativa útil, limpa e barata para o país.

 – Enquanto se tem uma fonte térmica gerando energia de um lado, você pode reduzir a sua própria demanda, que seria equivalente à geração de uma térmica. Você deixaria de ligar uma usina. A eficiência energética como uma fonte é a mais barata, porque não tem gasto com infraestrutura. E é imediato. Diferente de Belo Monte, que está em obra há tanto tempo e nem está gerando nada ainda. Só gastando bilhões – analisa.

 Para o segundo semestre de 2015, o trio pretende iniciar os testes com os 120 medidores produzidos a partir do financiamento coletivo. Após esta fase, eles têm a previsão para lançar o produto final no início de 2016, uma vez que a ferramenta ainda está na fase de produção.

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