Uma Guerra Inevitável
23/05/2024 17:44
Augusto Werneck

Professor da Queen´s University Belfast veio à PUC a convite do Departamento de História

Desde 2017, a região de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, vive em guerra com insurgentes da Al Shabab, grupo jihadista originado no país, que se aliaram ao grupo terrorista Estado Islâmico (ISIS). O professor de história Eric Morier-Genoud, da Queen´s University Belfast, esteve em Cabo Delgado para pesquisar o conflito e escreveu o livro “Towards Jihad? Muslims and Politics in Postcolonial Mozambique”. Na última sexta-feira, a convite do Grupo de Estudos de História da África da PUC-Rio (GEHA PUC-Rio), Genoud proferiu a palestra "Uma guerra inevitável? Origens, história e dinâmicas da guerra de jihad no atual norte de Moçambique”, no Auditório do IAG.

Eric Morier-Genoud dá aula no Auditório do IAG-Foto: JP Araújo

O início da guerra se deu logo depois da descoberta de reservas de gás natural na região, que tornariam Moçambique o quarto maior produtor da commodity no mundo. A cerca de 1672 quilômetros da capital Maputo, Cabo Delgado é uma das áreas mais pobres do país. A expectativa da população da província era de melhora, com a vinda das multinacionais, mas, após a escalada da violência por conta da jihad, o grupo francês Total Energies encerrou as operações no local.

De acordo com Eric Morier-Genoud, apesar da proximidade entre os fatos, o aumento das tensões não tem relação com o gás natural. As empresas estrangeiras do ramo energético também não acreditam nessa hipótese.

— Há todo um debate sobre a descoberta do gás como causa do conflito. Eu também não vejo uma ligação direta. O que houve foi uma expectativa do povo local de que os problemas sociais seriam resolvidos. O gás não é um investimento de cinco minutos, leva décadas para que essa atividade impacte a vida da população — afirmou Genoud.

Eric Morier-Genoud falou sobre o conflito em Cabo Delgado-Foto: JP Araújo

O professor explicou que, nos anos anteriores, houve tentativas de implementação de vertentes mais radicais do Islã nas mesquitas da região. Os insurgentes passaram a ter mais influência internacional após a aliança com o Estado Islâmico em 2018. 

A presença do ISIS no conflito preocupa o governo local. A perda de territórios na Síria e no Iraque fez o grupo concentrar forças no continente africano, onde a guerra de jihad está emergindo.

— Parece que os moçambicanos entraram em contato com o Estado Islâmico através de um grupo que estava no Congo e houve uma série de discussões entre as partes. O ISIS precisava ter certeza de que os insurgentes de Moçambique seriam fiéis à causa da organização — contou Genoud.

O GEHA PUC-Rio é coordenado pela professora do Departamento de História  Regiane Augusto. Informações sobre a programação do grupo de estudos estão acessíveis no perfil no Instagram @geha.pucrio.





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