Produzidas na China, as bicicletas são econômicas, confortáveis e não poluentes, e destinam-se a quem está disposto a ter uma vida mais prática. Segundo uma pesquisa de 2016 encomendada pelo Greenpeace ao Instituto Datafolha, 74% dos brasileiros preferem transportes públicos em vez de carros. Outra pesquisa, de 2012, feita pela agência Gartner, aponta que 46 % dos motoristas de 18 a 24 anos disseram que escolheriam o acesso à internet a possuir um carro. Estes foram alguns dos fatores que motivaram o engenheiro Bruno Carvalho Affonso e seu irmão, Rodrigo Carvalho Affonso, a trazer a alternativa sustentável de mobilidade urbana para o Brasil com uma marca de bicicletas elétricas.
Tudo começou quando Bruno se interessou pelo produto durante os 10 anos que morou em Pequim, na China, e observou que a maioria dos universitários utilizava o meio de transporte. Por falta de dinheiro, também comprou uma. Depois disso, passou a frequentar lojas e fábricas de peças de bicicleta todos os dias.
Rodrigo Carvalho Affonso, que abriu com o irmão a empresa Lev, lembra que o carro, que costumava representar o ideal de liberdade para os jovens, implica em ruas congestionadas, doenças respiratórias, falta de espaço para as pessoas nas cidades, além de preço alto na gasolina e preocupações ambientais. Por este motivo, em 2009, quando o dólar voltou ao normal após a crise financeira de 2008, teve a ideia de investir na venda de bicicletas elétricas no Brasil.
Os benefícios do uso de uma bicicleta não convencional, segundo o empresário, vão desde fatores ambientais a econômicos. Não emite poluentes, ruídos ou odores, não precisa pagar IPVA, gasolina nem estacionamento. Além disso, a cada recarga de oito horas, o gasto equivalente é de 12 centavos na conta de luz e a cada quilômetro rodado, a economia é de, em média, 95% quando comparado a um carro.
Além de não precisar enfrentar trânsito, o conforto e a praticidade também devem ser levados em conta. Por ser elétrica, facilita o percurso longo, uma vez que não há a necessidade de pedalar.
— Essa bicicleta não é para preguiçoso. Apesar de ser elétrica, não se deixa de fazer exercício. Ele só é feito com menos esforço. É apenas uma alternativa mais confortável e prática — explica Affonso.
As bicicletas funcionam com um motor de propulsão elétrica de até 350 watts — valor permitido pela legislação —, um pedal assistido e um acelerador. As baterias podem ser de lítio ou de chumbo, e o quadro pode ser de aço ou de alumínio. Percorrem até 25 quilômetros por hora, velocidade também permitida pela legislação.
Desde que inauguraram a empresa no Rio, as vendas só crescem. Hoje somam um total de 30 mil veículos.
— A aceleração das vendas está em movimento constante, sobretudo no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde as malhas cicloviárias estão presentes em maior quantidade. Para mim, isso representa 30 mil carros a menos e transportes públicos menos lotados — destaca o empresário.
De acordo com Affonso, a maior parte do público que utiliza, hoje, o veículo, são os idosos, e não os jovens, como especulava inicialmente, embora o veículo seja próprio para qualquer pessoa disposta a ter uma vida mais prática e sustentável.