A identidade e missão das universidades confiadas à Companhia de Jesus e as relações culturais estabelecidas pelos jesuítas ao longo da história no Brasil foram os assuntos abordados no terceiro encontro pelos 40 anos da Fundação Padre Leonel Franca (FPLF), no dia 21 de junho. A celebração contou, ainda, com uma apresentação sobre a Asociación de Universidades Confiadas a la a Compañía de Jesús en América Latina (AUSJAL), seguida de uma homenagem ao Padre Pedro Magalhães Guimarães Ferreira, S.J., que foi presidente da FPLF durante 18 anos.
Participaram da cerimônia o Reitor da PUC-Rio, Padre Anderson Antonio Pedroso, S.J., o Vice-Reitor Geral, Padre André Luís de Araújo, S.J. e o presidente da FPLF, Padre Roberto Barros Dias, S.J.. Além dos reitores da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE), Padre Sérgio Mariucci, S.J. e Padre Elton Vitoriano Ribeiro, S.J., respectivamente.
A primeira palestra, “Identidade e Missão das Universidades confiadas à Companhia de Jesus”, foi com o Padre Sérgio Mariucci. Para o Reitor da Unisinos, as instituições de ensino designadas aos jesuítas atuam com especificidade em extensão e pesquisa.
— A missão da Companhia tem várias frentes, e talvez o trabalho com os povos originários seja o mais marcante. Mas uma presença jesuíta muito conhecida é nos colégios e universidades do Brasil. É uma atuação vinculada com a região onde está inserida. Todas elas estão, de algum modo, envolvidas no desenvolvimento regional e no fortalecimento de culturas que sustentem uma sociedade equânime e justa. E, com isso, a nossa presença se expande.
Formado na PUC-Rio há 20 anos, Padre Elton regressou pela primeira vez ao campus da Gávea para as comemorações da FPLF. O Reitor da FAJE dividiu a conversa “Entre culturas: a Companhia de Jesus no Brasil” em três partes: do início e dos valores da Companhia de Jesus, do apostolado intelectual e dos caminhos para a Companhia realizar sua missão nos dias de hoje. Sobre a Fundação, ele considera que ela permite o aprofundamento e a propagação dos saberes, ao gerir recursos administrativos e incentivar o encontro.
— Essa sempre foi a missão dos jesuítas e da Companhia de Jesus: não ficar com o conhecimento guardado, mas fazer com que ele atinja o maior número de pessoas. Eu acredito que essas atividades nos ajudam a caminhar nessa direção.
Na abertura, Padre Anderson exaltou que a relação histórica de parceria, colaboração e corresponsabilidade da PUC-Rio com a Fundação seria aprofundada por meio do tema escolhido para o encontro. Mais tarde, entre as falas dos reitores convidados, ele destacou que não é possível renunciar ao mundo, e que o lugar das universidades jesuítas é na fronteira do conhecimento.
— É um momento para nós, novos reitores, darmos continuidade a todo esse caminho que foi traçado pelos jesuítas que nos antecederam. Mas assumimos com a coragem de quem confia em Deus e nos irmãos. E a espiritualidade jesuíta nos deixa incomodados com as injustiças de um mundo desigual. Não nos permite fugir da realidade. É por isso que estamos nas universidades, porque não existe maneira tão bonita e profunda de entrar no mundo do que fazer ciência.
Representante do Conselho de Identidade e Missão, o Vice-Reitor Geral da PUC-Rio acredita no compromisso jesuíta com a responsabilidade social. De acordo com ele, o olhar e as ações apostólicas são fundamentais no sentido de “ser mais para os demais”.
— Identidade e missão não é um apêndice de nossa vida, mas sim uma constituição de nossa “vida-missão”, como têm manifestado os últimos documentos da Companhia de Jesus. E o espírito é generoso, ele nos sustenta e nos inspira – afirmou Padre André.
O religioso também falou em nome da AUSJAL, que reúne 30 universidades jesuítas da América Latina, uma rede responsável por pensar em melhorias e projetos comuns a serem desenvolvidos. Os acordos de intercâmbio firmados entre as instituições parceiras são um exemplo do que o Vice-Reitor Geral define como: “braços estendidos de ações conjuntas e contínuas”.
O presidente da FPLF destacou a presença no encontro do provincial em exercício naquele período e delegado para a formação da Província dos Jesuítas do Brasil, Padre Jair Carneiro. Padre Roberto reforçou que a participação coletiva é uma marca dos festejos dos 40 anos, e a escolha do tema do terceiro encontro dizia sobre a natureza da instituição que atualmente dirige.
— É fundamental refletir sobre identidade e missão para dar continuidade ao processo de formar pessoas que colocam a ciência a serviço da comunidade.
Ele ainda prestou homenagens a Padre Pedro Magalhães Guimarães Ferreira, S.J., que participou da construção da Igreja do Sagrado Coração de Jesus da PUC-Rio e presidiu a Fundação entre os anos de 2004 e 2022. Hoje em São Paulo, Padre Pedro foi representado pela sobrinha, a professora Maria Sarah Telles, do Departamento de Ciências Sociais. Após o fim da discussão, todos foram convidados para um Lucernário na Igreja da PUC-Rio.