Titular de Beira-Mar na Veja Rio, Daniela Pessoa diverte alunos com casos de celebridades, e fala sobre o fim da soberania do impresso

Repórter da revista Veja Rio e titular da coluna Beira-Mar, que trata das celebridades, Daniela Pessoa odeia que digam que sua coluna é "de fofoca". Em sua terceira vinda à PUC, desta vez para palestra sobre Comunicação impressa na era digital, na sala 102K, a jornalista comentou sobre sua trajetória na Editora Abril e as principais reportagens de sua carreira. O ciclo de palestras – que recebeu também Fábio Gusmão, do Extra, e Christina Tartaguila, da Agência Lupa –, foi organizado pelos professores de Comunicação Impressa do Departamento de Comunicação Social Alexandre Carauta, Luciana Brafman e Lula Branco Martins.

A sala lotou. Os alunos se divertiram particularmente com as histórias de famosos. Daniela lembrou falas comprometedoras de Luana Piovani no banheiro de uma festa, a rápida aparição de Juliana Paes em um camarote do qual foi musa no carnaval e o caso de amor de Cleo Pires com um ator casado, que resultou em sua tatuagem no peito. Nesse sentido, uma atividade muito presente em seu trabalho, segundo ela, é o contato com assessores de imprensa e os próprios artistas.

– Se lidar com gente já é complicado, lidar com famoso é pior ainda. Mas a gente se diverte.

Daniela, 30 anos, se formou na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e chegou à Editora Abril há cinco anos, por meio do Curso Abril, em São Paulo. Num contexto em que muitos veículos da mídia impressa já começavam a prestar mais atenção no que acontecia no digital, Daniela e outras cinco pessoas tinham como missão melhorar o site da Veja Rio.

– O site era horroroso e pouco funcional. Você não conseguia arranjar um restaurante, um filme, uma peça de teatro lá dentro. A nossa missão era tornar o site mais acessível, interessante e amigável para que as pessoas pudessem acessar e recomendar aos amigos.

Hoje o site da Veja já é outro que não o desenvolvido por Daniela e seus colegas. Mas o trabalho lhe valeu uma vaga como repórter e, mais tarde, o convite para assumir a Beira-Mar, trabalho que não via com bons olhos inicialmente:

– Quando a gente ouve coluna social, pensa em Ego e Caras. Falei para meu editor que eu odiava fazer aquilo. Eu já tinha coberto as férias da colunista anterior, e achei horrível ficar ligando para assessorias. Eu nunca publicaria uma matéria como ‘Grazi Massafera sai da academia olhando o celular’.

Mas Daniela ficou e, apesar de Beira-Mar “precisar de celebridades”, procura dar espaço também para gente sobre quem haja boas histórias para serem contadas.

Jornalismo na internet

Ao falar sobre os desafios do jornalismo na era digital, a jornalista alertou os estudantes sobre a multifunção presente nas redações. A jornalista observou que, na Abril, as versões online não eram muito valorizadas, diferentemente de hoje:

– Quando comecei, se o repórter queria ter valor, precisava fazer matérias para a revista impressa. Hoje, se você é repórter de impresso, você vai trabalhar com internet, com Twitter. Vai fazer de tudo um pouco. Além da coluna, eu faço as redes sociais e matérias para a Veja Rio impressa. Tudo num salário só. Essa é a realidade do jornalismo hoje.

O desafio de migração para o digital também é sentido na coluna Beira-Mar – um problema para a colunista, que reconheceu faltar tempo para se concentrar nesse trabalho. “É uma corrida para conseguir fazer tudo bem na internet”.

Também foi assunto a última capa da Veja, com fotos do candidato a prefeito Marcelo Crivella (PRB-RJ) fichado na polícia. Daniela negou que a revista esteja perseguindo o senador, classificando os rumores como “teoria da conspiração”:

– O que aconteceu foi simples: dois repórteres receberam a informação, identificaram como um fato jornalisticamente relevante e publicaram. Não existe isso de que a revista está se unindo com a Globo contra quem quer que seja.