Trabalho por um bem maior
27/11/2018 17:47
Julia Carvalho e Nicole Polo

Alunos de duas disciplinas do Departamento de Comunicação Social produzem a Exposição Refugiados no Brasil em parceria com a Cáritas RJ

A exposição foi toda produzida e organizada por alunos de comunicação social. Foto: Gabriela Azevedo

De uma parceria entre duas disciplinas do Departamento de Comunicação Social e a Cáritas Rio de Janeiro resultou a Exposição Refugiados no Brasil, que ocorre até sexta-feira, 30, nos pilotis da Ala Frings. Os alunos de Laboratório de Publicidade, da professora Cristina Bravo, e de Assessoria de Imprensa, da professora Luciana Pereira, são os responsáveis pela produção e organização da mostra. Nela são apresentados os projetos do Programa de Atendimento a Refugiados e Solicitantes de Refúgio (Pares) da Cáritas RJ.

Entidade ligada à Arquidiocese do Rio de Janeiro que dá assistência a refugiados, a Cáritas desenvolve projetos como o Arteterapia, de saúde mental, Curso de Português, porque a língua é a primeira barreira enfrentada pelos estrangeiros, Trampolim, uma plataforma de oportunidades de emprego, Cores, Coletivo de Refugiados Empreendedores voltado para a capacitação, Mares, que auxilia na aprendizagem dos refugiados, Proteção Legal, ajuda na inserção dos refugiados, Casa de Acolhida Papa Francisco, espaço de moradia a mulheres e crianças refugiadas, e Refugiados nas Escolas.

Mariana Sacramento, da área de mobilização de recursos da Pares, conta que os alunos tiveram acesso a toda estrutura dos programas para estudar o assunto. Segundo ela, o objetivo dos projetos da Cáritas é criar novas oportunidades para pessoas em situação de refúgio.

O estudante Dejair Neto, que frequentou as aulas de Assessoria de Imprensa, produziu um trabalho baseado no projeto Proteção Legal. Segundo ele, o núcleo busca proteger os refugiados e garantir os direitos deles no país. Na exposição, Neto conta que os estudantes escolheram uma árvore para representar esse programa de assistência, porque o caule representa o Proteção Legal, pois oferece suporte e fornece “nutrientes” aos frutos, que simboliza os refugiados.

— O trabalho do Proteção Legal é garantir que o refugiado seja inserido na sociedade de uma forma adequada. O projeto precisa muito de parceiros nesse momento, pois eles sobrevivem da ação voluntária.

A professora Luciana Pereira diz que ter os alunos como os próprios expositores gera visibilidade aos programas de assistência e auxilia na arrecadação comunitária. Cristina Bravo afirma que, ao estabelecer este tipo de parceria, a Universidade procura mostrar para os estudantes um pouco da realidade do mercado de trabalho e possibilita que eles desenvolvam um trabalho que saia do papel e seja todo executado por eles.

Segundo Cristina, especialmente com as causas humanitárias, os alunos têm a oportunidade de entender um pouco mais sobre o assunto e se conscientizarem sobre o tema. A ideia de trabalhar com a Cáritas surgiu a partir de uma experiência pessoal depois que um refugiado passou o Natal de 2017 na casa dela.  

— Desde que eu tive essa experiência, no ano passado, em ter um refugiado na minha casa, pensei que esse é um assunto que precisa ganhar visibilidade. Mais do que um projeto que eles normalmente fariam, de planejamento, de uma solução de comunicação, mas que ficaria apenas no papel, era importante que isso estivesse concreto. São oito grupos de trabalho de alunos, e a Cáritas trouxe oito projetos dos refugiados para que cada grupo tratasse de uma temática.

Mariana Sacramento destaca que a importância da exposição é oferecer informações sobre estrangeiros em situação de refúgio. Para ela, o diferencial é as pessoas entenderem os direitos dos refugiados como um bem fundamental e de todos, garantido por uma convenção, por legislação e por uma série de instituições. Segundo ela, o objetivo é sensibilizar e desmitificar o que é o refugiado.

— O refugiado é uma pessoa que não está vindo por escolha, ele foi pego de surpresa nessa situação. É uma condição, não uma sentença, ele não fez nada de errado e acho que a exposição traz essa humanidade e informações que muitas vezes não são fáceis de serem acessadas, principalmente para o público de estudantes, que no futuro serão profissionais, formadores de opinião e pessoas que vão estar no mercado de trabalho e, obviamente, vão se deparar com um refugiado na vida.

O Reitor da PUC-Rio, padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J., visitou a exposição e afirmou que o projeto agrega à Universidade. De acordo com ele, o trabalho aumenta o valor de acolhimento e solidariedade que se deve ter com o outro, como Jesus fazia. O Reitor também lembrou que, como no Evangelho, a exposição reforça a atenção que se deve ter com aquele que sofre.

- A exposição agrega à nossa Universidade, porque integramos redes de solidariedade. A Companhia de Jesus é uma dessas redes e está presente em vários locais do mundo. É preciso dar suporte à Cáritas, mas sabendo que é um grande desafio acolher essas pessoas.

O Vice-Reitor Comunitário, professor Augusto Sampaio, comenta que falta a solidariedade entre as pessoas no mundo contemporâneo. Segundo ele, vive-se um momento de egoísmo e individualidade extrema o que impede enxergar os problemas e as dificuldades do próximo. Para o Vice-Reitor, a exposição leva à reflexão de como o homem pode doar a si mesmo a essas pessoas.

- Esse projeto agrega o “dar” no mundo atual do “ter”. Como posso doar os meus bens, a minha atenção ao outro, isso falta na nossa realidade. Esse projeto nos faz pensar o sentido real da solidariedade.

 

 

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