Como ensinar o cérebro a ser mais feliz
27/03/2019 16:41
Nathalie Hanna, Paula Veiga e Tatiana Abreu

Palestras abordam caminhos para as dez chaves da felicidade

O que você faz para ser feliz?  A neurociência explica a felicidade? Essas foram algumas das questões levantadas pela neurocientista e professora UFRJ Clarissa Shitine na palestra que ela proferiu na quinta-feira, 21, como programação da Semana da Felicidade PUC-Rio.

De acordo com Clarissa, a função do sistema nervoso é proteger a pessoa do perigo e de situações de dano. O indivíduo percebe mais o ambiente negativo. Porém, segundo a professora, é possível treinar o cérebro com diferentes ações para assumir um comportamento mais feliz.

 

Clarissa Schitine, neurocientista e professora da UFRJ. Foto: Beatriz Cortes

Para ela, Clarissa o exercício físico, as relações, a atenção, a doação, o aprendizado, as emoções positivas, a aceitação e a resiliência são questões importantes para o indivíduo e contribuem nesse processo de encontrar a felicidade. A doutora comentou sobre as dez chaves da felicidade e sobre as descobertas científicas que levaram a formação de cada uma delas. De acordo com a professora, as dez chaves são atitudes que podemos incorporar no nosso dia a dia.

- O cérebro é plástico, podemos gerar neurônios diariamente. Com exercício, aprendizagem e enriquecimento, a pessoa pode, por exemplo, provocar o fortalecimento cognitivo. Se a pessoa passar por constante estresse, isolamento social e envelhecimento, pode acabar com patologias causadas pela perda de neurônios. Precisamos ter uma vida saudável. Todas as chaves que falamos vão levar a um cérebro conectado, com células mais robustas e ramificadas, muito mais espertas para processar o meio ambiente e ver as situações de forma positiva. Uma estrutura cerebral mais forte e preparada, treinada para ter a liberação dos transmissores corretos, favoráveis para termos um cérebro, um comportamento e uma vida mais felizes.

 Satisfação de vida

Na quinta-feira, na parte da manhã, a discussão girou em torno do tema As habilidades sociais e o trabalho. O administrador Guilherme Sucupira refletiu sobre as relações entre o bem-estar subjetivo, a atitude e a intenção de participar de um treinamento de habilidades sociais em forma de pesquisa, assunto abordado na tese dele de mestrado em Psicologia.

O objetivo da pesquisa era saber se as pessoas participariam ou não do treinamento e se estavam satisfeitas com as suas vidas. O resultado foi surpreendente para o palestrante: quanto maior a satisfação no trabalho, mais feliz ela seria. Ao todo, 419 adultos brasileiros responderam o questionário, entre eles, 66% eram mulheres, 53% ouviram falar de habilidades sociais e 34% já participaram de um treinamento.

 

Guilherme Sucupira, administrador de empresa. Foto: Maloni Cuerci

Sucupira ressaltou três fatores importantes para ser feliz: ter relacionamentos satisfatórios com as pessoas, buscar algo que aprecie fazer e ajudar os outros. Também destacou que as habilidades sociais são muito importantes para o trabalho e para a vida, pois os dois princípios andam juntos e geram uma repercussão na rotina dos brasileiros.

 

Mindfulness

O professor do Departamento de Medicina da PUC-Rio Jorge Biolchini ministrou a palestra Mindfulness: uma chave para a felicidade na quarta-feira, 20. Ele discutiu o que é felicidade e como atingi-la. Biolchini ressaltou as noções que não significam felicidade, mas que as pessoas atribuem a felicidade, como alegria, prazer, satisfação e contentamento.

- O que é felicidade? Alegria, de certa forma, sim. Porém, quando estamos alegres nem sempre estamos felizes. A alegria é uma emoção, um estado de espírito, enquanto felicidade é algo muito maior. Não é um estado de ânimo, pode acompanhá-los, mas mesmo sem eles ainda será felicidade. Mesmo na dor podemos ser felizes.

Biolchini explicou que o mindfulness, traduzida como plenitude mental, é a capacidade de plenificar as faculdades mentais e começa com a atenção. Para ele, a prática pode auxiliar pessoas de diferentes áreas e idades.

- Teve um crescimento no uso esportivo para aumentar o grau de presença, de concentração, vontade de acertar. Ativa uma série de coisas que se plenificam dentro e aumentam a chance não só de sucesso, como de satisfação, alegria. Na área da política, o parlamento britânico fez no ano passado um treinamento de mindfulness com todos os parlamentares e isso levou o Reino Unido a adotar em todas as escolas públicas a prática para as crianças, os adolescentes.

Ação para Felicidade

Com início no Brasil em outubro de 2015, o movimento Ação para Felicidade foi estabelecido no Rio de Janeiro em janeiro de 2016. O grupo criado pela psicóloga e psicopedagoga Patrícia Magacho, que coordena o projeto na Vice-Reitoria Comunitária, tem o intuito de trabalhar os atos intencionais, ou seja, o que escolhemos fazer em nosso dia a dia e que podem aumentar o nível de bem-estar. O projeto foi apresentado na quarta-feira, dia 20, no Anfiteatro Junito Brandão, como parte da programação da Primeira Semana da Felicidade.

Durante a palestra, Patrícia apresentou, de maneira didática, ferramentas para auxiliar a aplicação da teoria na rotina. Ela apresentou as “10 chaves para uma vida feliz”, criadas pela psicóloga Vanessa King, diretora e responsável pelo site do movimento mundial Action for Hapiness, que encoraja uma experiência positiva em todas as áreas da vida. De acordo com Patrícia, cada pessoa deve descobrir qual via que melhor preenche suas necessidades e que esteja sempre ligada com a vida dela. São elas: Exercício, Relações, Atenção, Doação, Aprendizado, Propósitos, Emoções positivas, Direção, Resiliência e Aceitação.

 

Patrícia Magacho, coordenadora do Projeto Ação para Felicidade. Foto: Tatiana Abreu.

Patrícia abordou também sobre o livro As Cinco Linguagens do Amor, em que o autor aponta o modo como as pessoas expressam o amor e como se sentem amadas. Conforme Patrícia, cada indivíduo reage melhor a uma determinada forma, basta observar e tentar se conhecer para descobrir a linguagem primária. As linguagens são definidas em: palavras de afirmação, qualidade de tempo, presentes, atos de serviço e toque físico.

Ao final do encontro, foi realizado um momento de exercício prático baseado no lema deste ano da Semana da Felicidade, “Better together”, em que os presentes pudessem refletir e aprender como aplicar os conceitos da palestra na rotina. Patrícia sugeriu o envio de mensagens, encontros ou até uma conversar com alguém que desejasse falar dos sentimentos. Segundo a psicóloga, é preciso ampliar o olhar, apresentar a perspectiva da prevenção e da potencialização. Assim, o foco estará no bem-estar e vai gerar recursos para neutralizar os efeitos da depressão.

- Quando eu coordenava o PSICOM, já observava o crescimento da demanda de casos de depressão e ansiedade. Uma depressão, sob ponto de vista psiquiátrico, é o médico quem vai diagnosticar. Gosto muito de ressaltar que, a partir de uma assistência psicológica, nós trabalhamos juntos com estratégias e tratamento terapêuticos auxiliares. Para cada ação há uma confirmação científica, é muito importante aplicar na vida, motivar as pessoas e praticar a gratidão.

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