O campeão olímpico e iatista Torben Grael esteve na Universidade, na segunda-feira, 17 de junho, para contar um pouco da sua história, conquistas, derrotas e aprendizados ao longo da carreira. A palestra fez parte do terceiro encontro sobre Liderança Empreendedora, promovido pela disciplina homônima ministrada pela professora Luiza Martins em parceira com o ex-técnico da seleção brasileira de vôlei Bernardo Rezende, o Bernardinho.
Torben Grael nasceu na cidade de São Paulo, mas começou a competir oficialmente com o irmão Lars Grael em Brasília. Lá, desenvolveu a paixão pelo esporte, tradicional para a família que já conquistou 13 títulos mundiais e tem 17 participações em Olimpíadas. Com uma carreira de sucesso, o iatista tem no currículo cinco medalhas olímpicas, duas delas de ouro (Atlanta e Atenas), e seis campeonatos mundiais.
- Começamos a competir em Brasília, na época que meu pai, que era militar, estava servindo lá. Meu barco era de madeira, dado pelo meu avô, e eu mesmo o pintava. O pessoal gostou da pintura que eu fazia e começou a me pedir para pintar os outros barcos também, o que dava uma grana. Eu e Lars, meu irmão, fomos campeões mundiais com esse barco em Portugal.
Torben disputou por duas vezes a competição Volvo Ocean Race, em que os competidores dão a volta ao mundo, e conquistou, uma vez, o campeonato com a equipe sueca Ericsson 4. Ele relembrou as dificuldades que teve nesta competição para liderar a equipe, tanto pela falta de conforto na embarcação como pela dificuldade da língua, já que apenas ele e dois tripulantes eram latinos.
- Essa torneio de volta ao mundo é diferente por causa do convívio, você está sob pressão, não dorme direito, não come direito. Pode levar o melhor velejador do mundo, se o cara não for fácil de lidar vira um inferno. Nós, latinos, conversávamos um pouco de tudo, contávamos piada, riamos, e os caras achavam que estávamos rindo deles. Tentávamos explicar, mas eles não entendiam, o choque cultural foi complicado.
Grael frisou a importância do treinamento e de se manter focado para alcançar os objetivos, não apenas no âmbito esportivo. Segundo ele, as derrotas também devem servir como aprendizado, e, como exemplo, citou a primeira medalha de ouro olímpica, em Atlanta (1996), após o resultado ruim na Olimpíada anterior em Barcelona.
- A confiança só atinge quando se tem aquela certeza que fez tudo que estava ao alcance. Hoje em dia, tem sempre alguém com talento igual ou maior que o seu que trabalha muito. Esse senso de merecimento te dá a confiança de que as coisas vão dar certo. Quando você ganha, parece que foi tudo perfeito, e você não aprende tanto. Minha medalha de ouro foi justamente depois da medalha de "couro" em Barcelona. Aprendemos bastante.
Bernardinho ressaltou a importância da integração dos alunos com um exemplo como Torben. Ele também avaliou positivamente os três encontros que ocorreram sobre liderança empreendedora. Além do iatista, Rony Meisler, criador do Grupo Reserva, e Bernardo Pinto Paiva, presidente da Ambev, trocaram experiências com a turma.
- Torben é um supercampeão, uma figura incrível com experiência de time, liderança, treinamento, foco e muita preparação, os jovens se inspiram em pessoas como ele. Todos os encontros foram incríveis. Primeiro a qualidade das pessoas que vieram conversar, falar sobre sua vida e seus valores. Para os garotos é a academia se aproximando do mundo real.