Os fundadores e apresentadores do podcast Lado B do Rio, o advogado Alcysio Canette e jornalista Caio Bellandi, estiveram na PUC-Rio no dia 24 para um bate-papo sobre o surgimento, processo de produção e objetivo do podcast. A conversa, que faz parte do Ciclo Proximidades e Possibilidades - Diálogo sobre Mídias Locais, também abordou temas como o financiamento das mídias alternativas, das quais o podcast apresentado faz parte, e foi mediada pela professora Lilian Saback, do Departamento de Comunicação Social.
O advogado e painelista do Lado B do Rio, Alcysio Canette, disse que o podcast teve início em agosto de 2016, em meio à polêmica do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, com publicações quinzenais que, depois, viraram semanais. Canette comentou que o surgimento partiu da indignação dos apresentadores do podcast em relação aos veículos tradicionais que, segundo ele, tinham espaço, enquanto os alternativos não conseguiam expressar suas opiniões. De acordo com o advogado, ele e os outros apresentadores desejavam tratar de temas não abordados nos meios de notícias tradicionais, e expor o lado oposto da posição das grandes mídias.
– O Fagner Torres, outro painelista do Lado B do Rio, deu a ideia de fazermos um podcast, e vendermos à Central 3. Não partimos que nem as mídias tradicionais, com grande produção e patrocínio por trás da criação, nem começamos do zero, porque pelo menos tínhamos o apoio da Central, mas começamos do um. O fato de não sermos pessoas conhecidas dificultou a propagação e expansão do projeto.
A pegada inicial do podcast, de acordo com Canette e Bellandi, era abordar a política carioca, mas o projeto expandiu para temas nacionais e internacionais. Para eles, o diferencial do Lado B do Rio em relação a outros podcasts é o tratamento didático dos temas, com uma linguagem mais voltada para a população da periferia, o público alvo do programa. Os apresentadores comentaram que gostam de tratar os assuntos com bom humor, e tentam fazer um bate-papo o mais natural possível. Canette ressaltou ainda importância do papel das mídias alternativas, como o Lado B do Rio, que busca tratar de assuntos mais populares que, na opinião dele, não são da realidade do público alvo dos veículos tradicionais.
Os fundadores do Lado B do Rio contaram que, na produção do conteúdo, eles alugam um estúdio de música e gravam o programa, e, depois, enviam o material produzido à Central 3, site divulgador e produto. Segundo eles, há assuntos que não cabem no tempo de gravação, por isso eles são seletivos no que falam, e se baseiam no interesse do público alvo. Caio Bellandi explicou que o conteúdo sonoro dura cerca de duas horas e que, por causa da falta de tempo, a equipe usa o site do Lado B do Rio para publicar outras questões não abordadas no podcast. Bellandi revelou que o grupo tenta inovar para manter o projeto financeiramente saudável.
– O podcast é mantido pela Central 3, mas diversos outros conteúdos produzidos são financiados pelos padrinhos e madrinhas do Lado B do Rio, que são ouvintes dispostos a contribuir financeiramente com a gente. O financiamento dos padrinhos agora dá para alimentar todas as mídias que temos, como o YouTube, Twitter, Instagram e o site, mas o dinheiro no total não faz com que possamos viver só disso, até porque somos quatro professionais. Por isso, temos que continuar nos outros trabalhos.