Desde 2000, é tradição na PUC-Rio reproduzir no campus uma Sucá, espécie de cabana construída pelos judeus para abrigo durante os 40 anos de caminhada no deserto após a saída do Egito em busca da Terra Santa. Este ano, em homenagem à festa de Sucot, festival que relembra o êxodo, a Universidade manteve a tradição e montou a cabana no estacionamento. A inauguração ocorreu no dia 16 de outubro e teve a presença do ex-Reitor da Universidade padre Jesus Hortal, S.J., e do Vice-Reitor, padre Álvaro Pimentel, S.J., e de outros líderes religiosos da cultura judaico-cristã. Na cerimônia, os representantes ressaltaram a importância da Sucá como ponto de união entre religiões.
Padre Jesus Hortal disse que a memória do deslocamento dos judeus no deserto é essencial para as religiões desenvolverem conscientização de um caminhar unido. Segundo o ex-Reitor, há um elo de união entre as tradições cristãs e judaicas, pois as duas partilham o conceito e a prática da peregrinação, e, assim, um encontro de éticas e caminhos.
– Eu vejo um elo de união entre as tradições cristãs e judaicas com a ideia de peregrinação, de provisoriedade, pois somos todos peregrinos. A espiritualidade cristã sempre fala de peregrinação na terra, assim como a peregrinação do povo de Israel durante 40 anos até entrar na terra prometida. Não temos raízes, temos passagens.
O Vice-Reitor da PUC-Rio, padre Álvaro Pimentel, também afirmou a importância da instituição de um símbolo judaico na Universidade, já que a festa recorda o diálogo e a comunhão entre religiões. Para o Vice-Reitor, a Sucá lembra a turbulência que os indivíduos passam na jornada da vida, e assim se torna um ícone importante do aprofundamento de raízes inter-religiosas. Padre Álvaro ainda destacou a importância da união e da esperança que o diálogo inter-religioso promove em períodos contemporâneos conturbados.
– O primeiro ponto importante é o da esperança, nós somos filhos da esperança. E o segundo ponto é o da congregação, isto é, a Sucá é um lugar de reunião de nações, de encontro de línguas. Eu creio que isso hoje é fundamental, porque nós, infelizmente, atravessamos um período conturbado, de muitas polarizações e divisões. Esta festa nos ajuda a recordar que o mais importante é o diálogo e a comunhão, para construirmos um mundo melhor e mais justo.
Um dos representantes da cultura judaica, o diretor de diálogo inter-religioso da Federação Israelita do Rio de Janeiro, Paulo Maltz, afirmou que a memória da peregrinação dos judeus no deserto reflete na união atual entre o judaísmo e o cristianismo. De acordo com o diretor, a tradição da presença da Sucá no campus da PUC-Rio é um importante meio para estimular o diálogo inter-religioso e conseguir uma aproximação das religiões.
– Foi através da peregrinação de 40 anos, como nômades e se abrigando na Sucá, que, graças a Deus, hoje temos o Estado de Israel, um Estado nosso. Nós estamos aqui como um acelerador dessas intenções boas, para fazer com que o diálogo entre religiões aconteça e permaneça como um abre-alas para que todos continuem no caminho inter-religioso.