O mercado de fotojornalismo e as experiências da carreira foram os assuntos citados no encontro com o ex-aluno de Comunicação Social da PUC-Rio e fotojornalista, Felipe Fittipaldi. Atualmente, ele é colaborador do jornal The New York Times, do jornal Folha de S. Paulo e da revista National Geografic. A palestra foi mediada pelo professor Weiler Finamore, do Departamento de Comunicação Social, e ocorreu no dia 14 de novembro.
Fittipaldi tem projetos voltados para causas sociais e alguns de seus trabalhos foram exibidos em festivais no Brasil, Nova York, na França, Colômbia, Roma e Tóquio. Ele também ganhou prêmios nacionais e internacionais como Lens Culture, Life Framer e POY Latam. Em 2018, Felipe Fittipaldi foi selecionado pela organização World Press Photo Foundation, que tem como objetivo mostrar a importância de histórias por meio de fotos, para receber o prêmio 6×6 Global Talent Program.
Ele explicou que a maioria das fotografias dele abordam temas sociais e ambientais e o porquê do apreço por esses conteúdos. Segundo o fotógrafo, são histórias que precisam ser contadas e permitem a criação de narrativas diferenciadas. Para Fittipaldi, é importante haver uma conexão entre o fotógrafo e o que está sendo retratado na foto. Ele contou que, quando viaja a trabalho, busca conhecer a fundo a cultura e as pessoas do lugar para transmitir uma realidade nas suas imagens.
Na palestra, o fotógrafo comentou sobre o começo da carreira, a decisão pelo fotojornalismo e o que conquistou com a profissão. Segundo Fittipaldi, ele descobriu na Universidade que o texto não era a sua principal aptidão e, como sempre gostou de fotografia, decidiu que esse era o caminho a seguir. Para ele, foi uma união de curiosidade, interesse pelas questões artísticas e a vontade de contar histórias que despertou o desejo de manusear a câmera.
- Eu me formei em Jornalismo aqui na PUC, e durante a minha graduação sempre fui muito curioso e queria contar histórias. E eu entendi que o texto não era o meu caminho, não que eu escreva mal, mas eu sofria para escrever. Eu já fotografava de forma amadora, tinha muito interesse em fotografia e acabei passando em uma seleção de estágio para o Projeto Comunicar da PUC. Lá, como fotógrafo, descobri que queria focar minha carreira no fotojornalismo.
Ele destacou quatro elementos que julga essenciais para quem busca contar uma boa história e se destacar através das imagens: organização visual, apelo emocional, originalidade e ética. De acordo com Fittipaldi, é importante buscar imprimir emoção na foto, para despertar um sentimento na pessoa que vai olhar a imagem. Segundo ele, conseguir ser original não é simples, pois é muito difícil encontrar um assunto que nunca foi abordado e, apontou, reinventar temas é um desafio.
Fittipaldi disse que, atualmente, com a câmera do celular, todos são fotojornalistas, pessoas que ele intitulou como “jornalistas cidadãos”. Ele observou que isso ocasiona um bombardeio de imagens, e as pessoas ficam saturadas com a quantidade de informação. Por isso, ressaltou, é preciso se reinventar e buscar novas formas de narrativas e abordagens para se destacar na profissão.
- Se acontece alguma coisa, haverá várias pessoas em volta fotografando, e não é preciso de um fotojornalista para ir ao local, ele se torna dispensável. É bom pela pluralidade de fontes, mas, por outro lado é ruim pela questão ética profissional, são muitas informações descontextualizadas e sem consequência, pois ninguém assume a publicação da foto, e ocorre o questionamento se é confiável ou não a informação. A fotografia documental passa por um momento em que os fotógrafos estão começando a se reinventar e produzindo coisas muito boas, mas ainda é um desafio: Onde vou veicular? Onde vou publicar? E como vou viver disso?