A abertura da XI Semana da Cultura Religiosa, que ocorreu virtualmente na segunda-feira, 21, teve como tema A Economia de Francisco. Segundo os participantes, a discussão do assunto tinha como objetivo enfatizar a importância das universidades para atender ao pedido do Papa Francisco, de a humanidade ter um olhar inovador sobre o meio econômico vigente para torná-lo mais justo à natureza e aos seres humanos. O pontífice enfatiza que as mudanças devem ser direcionadas principalmente para os mais prejudicados pela economia atual, descrita por Francisco como uma economia que mata, exclui e desumaniza.
A cerimônia contou com uma mensagem especial do Arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, O. Cist., e com a participação do Reitor, padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J. A abertura solene também teve a presença do diretor do Departamento de Teologia, padre Waldecir Gonzaga, do coordenador da Cultura Religiosa (CRE) da PUC-Rio, padre Abimar Moraes, e de Eduardo Brasileiro, educador e integrante da Articulação Brasileira pela Economia de Francisco.
Padre Josafá afirmou que a Economia de Francisco alerta para as consequências das ações que a economia atual causa à natureza e aos seres viventes do planeta. De acordo com Reitor, o Papa faz um apelo aos estudantes para que eles proponham outras modalidades de entendimento da economia e do progresso, além das já conhecidas: insustentáveis e que exploram a natureza, apontou padre Josafá. Ele ainda ressaltou a importância das universidades no estudo e na elaboração de projetos que visem uma economia justa.
- Nesta XI Semana da CRE da PUC-Rio, somos convidados a motivar, incentivar e apoiar as iniciativas inovadoras entre corpo docente e discente, voltadas para pequenos estudos e projetos que apontem uma direção aos modelos econômicos e ambientais mais justos, inclusivos e solidários. Isto sem se preocupar com a aplicação e a viabilidade imediata, pois, pequenas propostas, carregadas de horizontes largos e grandes ideais, podem fazer a diferença para o futuro. Afinal, o Reino de Deus é como a pequena semente que oculta a sua pequenez, uma grandeza aparente.
O diretor do Departamento de Teologia, padre Waldecir Gonzaga, explicou que a Economia de Francisco, proposta pelo chefe supremo da Igreja Católica e também tema da XI Semana, refere-se ao santo São Francisco de Assis, que, de acordo com o Papa, viveu o Evangelho em total coerência, inclusive nos planos econômicos e sociais. Padre Waldecir acrescentou que a Economia de Francisco precisa fazer parte do dia a dia das universidades e do conhecimento dos estudantes, para que o mundo adote uma economia mais justa, inclusiva e solidária.
Eduardo Brasileiro destacou dois pontos da Economia de Francisco que são importantes para a instauração de um sistema solidário e inclusivo. Como primeiro ponto, ele disse que é preciso preconizar o comunitário e enfatizar a dimensão de uma vida biocêntrica- a vida no centro-, em que o cidadão escute as minorias, como os povos indígenas, coletivos culturais, povos periféricos e grupos de movimentos pastorais.
Como o segundo ponto, ele apontou as comunidades educadoras e a importância de aprender com os saberes populares, algo que considera um grande desafio para a academia. De acordo com Brasileiro, não basta elaborar programas interdisciplinares, ele considera que o ideal é ser transdisciplinar, isto é, o projeto deve atingir a universidade como um todo. O educador ainda mencionou a função das instituições de ensino superior, como na organização dos cursos de economia.
- O papel dessas instituições está em repensar o currículo, propor a transversalidade curricular e contribuir com pesquisas que levem em conta a vida real das pessoas. O Papa Francisco pede para que olhemos nossos currículos de economia, pois, neles, os alunos passam o tempo letivo pensando na valorização do mercado e das finanças, em uma lógica viciante da construção da desigualdade, fruto de uma economia capitalista. Devemos buscar outro arranjo, uma economia feita para a vida, não apenas com pensamentos em finanças. Precisamos fortalecer a colaboração e a partilha.
O coordenador da Cultura Religiosa (CRE), padre Abimar Moraes, acrescentou que o Papa Francisco alerta para o fato de que os problemas ecológicos não estão separados dos econômicos e há uma estreita conexão. Padre Abimar concluiu que existem soluções para os problemas do desenvolvimento econômico e que é fundamental confiar em mudanças.
- É por isso que o Papa definiu a universidade como canteiro de esperança. As soluções consistem no anúncio de que é possível a construção de um mundo novo a partir de novas responsabilidades. É possível sonhar e, principalmente, consolidar a Economia de Francisco.