A capacidade de mutação do vírus, o impacto das variantes, as possíveis sequelas deixadas pela doença e a duração dos imunizantes são apenas alguns mistérios acerca do novo coronavírus que ainda não foram resolvidos. Estes tópicos foram abordados na palestra “Covid-19, variantes e sequelas”, ministrada pelo médico coordenador do projeto da Síndrome Pós-Covid do Departamento de Medicina, professor Ricardo Steffen, no dia 15 de setembro.
De acordo com o médico, a Covid-19 é uma doença sistêmica, ou seja, afeta todos os órgãos do corpo. Além disto, por ser uma enfermidade inflamatória, ela acomete os vasos sanguíneos e aumenta as chances de trombose arterial ou sistêmica. Outros sintomas, como fadiga, queda de cabelo, dano auditivo, piora da visão e perda de peso e olfato também são causados pelo vírus.
- A doença afeta inúmeros sistemas, não só o pulmão; ela afeta o sistema renal, o sistema cardiovascular e o sistema nervoso central. A perda de olfato está relacionada com uma reação ao nervo que leva o cheiro ao cérebro. O vírus pode acometer qualquer órgão do corpo.
Passada a fase aguda da doença, afirmou Steffen, a síndrome pós-Covid ou Covid longa ocorre quando os sintomas da infecção persistem por mais de seis meses após a recuperação. O mais comum deste quadro, de acordo com o médico, é a fadiga, mas outras queixas também são relatadas por pacientes, como enxaqueca crônica, dor nas pernas, perda de memória, falta de concentração e diminuição da massa muscular.
- Foi feito um estudo no Hospital Mount Sinai, nos Estados Unidos, para verificar a perda muscular em pessoas que são internadas. A estimativa que deram é que, a cada dia de internação neste hospital, em CTI, o paciente perde 1% da massa muscular. Pessoas saudáveis que têm entre 40 e 50 anos perdem isto em um ano.
No Brasil, mais de 20 milhões de pessoas já foram infectadas pelo coronavírus, cuja transmissibilidade aumentou ainda mais com a chegada da variante Delta. Este número elevado de casos também amplia a quantidade de pessoas acometidas pela Covid longa. O ideal é que os sintomas desta síndrome sejam tratados com orientações de profissionais de saúde e, com esta finalidade, muitos hospitais criaram ambulatórios específicos. Um deles é o ambulatório São Lucas, da PUC-Rio, formado por profissionais de diversas especialidades, como fisioterapeutas, nutricionistas, neurologistas e psiquiatras. Como observou Steffen, a reabilitação é extremamente importante e, quanto mais cedo o paciente iniciar o tratamento, maior será a chance de haver a recuperação completa. Para mais informações sobre atendimentos, acesse: www.med.puc-rio.br/ambulatorio