A linguagem Lua de programação, criada por meio de uma parceria entre a PUC-Rio e a Petrobras, vai comemorar 30 anos, com um workshop no Auditório do RDC, no dia 17 de outubro. O encontro é uma forma de agradecimento às pessoas que tiveram papel fundamental na história da linguagem. O encerramento será feito com a Aula Magistral do professor Roberto Ierusalimschy, um dos desenvolvedores.
Desenvolvida e implementada no Instituto Tecgraf de Desenvolvimento de Software Técnico-Científico da PUC-Rio, a linguagem leva a assinatura dos professores Roberto Ierusalimschy e Waldemar Celes, do Departamento de Informática (DI), e do pesquisador Luiz Henrique de Figueiredo, do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA). Lua começou a ser utilizada em projetos internos, e se tornou popular no mundo dos videogames, sendo usada em jogos como Angry Birds, Roblox e World of Warcraft e em programas como Photoshop e Lightroom. É também uma das poucas linguagens criadas em um país subdesenvolvido a ser utilizada mundialmente e rendeu uma medalha Pedro Ernesto a seus criadores no ano passado.
A linguagem brasileira nasceu da junção de duas outras já existentes no Tecgraf: Data Entry Language (DEL) e Simple Object Language (SOL). Por estarem deixando o SOL para trás, os criadores escolheram para a nova linguagem o nome Lua. Nascida em 1993 visando atender uma demanda dos engenheiros da Petrobras, por conta de sua versatilidade, passou a ser utilizada extensivamente em projetos internos. A linguagem é um software livre, ou seja, pode ser baixada de forma gratuita, desde que o uso seja creditado. Mantido pelos três criadores e liderado por Ierusalimschy, o desenvolvimento só pode ser feito pela Equipe Lua. A linguagem também é utilizada dentro da Universidade.
Roberto Ierusalimschy é coordenador do LabLua, laboratório acadêmico ligado ao Departamento de Informática, em que são feitos estudos e trabalhos em torno das linguagens de programação. Um dos alunos que realizam pesquisas no laboratório é Guilherme Dantas, de 24 anos. O mestrando em Informática relata a sua experiência em fazer parte de um projeto ligado à uma linguagem tão importante no cenário mundial.
— É uma honra fazer parte do LabLua, o berço da linguagem de programação mais relevante desenvolvida no hemisfério sul. No laboratório, pesquiso sobre Parsing Expression Grammars (PEGs), base teórica para a biblioteca LPeg, desenvolvida pelo professor Roberto.
Waldemar Celes, atual diretor do Tecgraf, segue em contato com a linguagem Lua no dia a dia, em diversos projetos do Instituto. Um deles é o software Geresim, fruto de mais uma parceria com a Petrobras. O programa é um sistema gráfico interativo que integra ferramentas relacionadas à simulação de reservatórios de petróleo.
O uso da linguagem no mundo dos jogos, onde ela se tornou popular, começou com Grim Fandango, em 1998. Lua foi descoberta por um funcionário da Lucas Arts, por meio de um artigo publicado pelos criadores da linguagem na revista americana Dr Dobb's. Jogos de sucesso nos últimos anos, como World of Warcraft, Angry Birds e Roblox, foram responsáveis pela difusão de Lua pelo mundo
Roberto Ierusalimschy explicou o papel da linguagem no auxílio da criação de cenários e outros aspectos dos videogames.
— Quem faz o jogo não são programadores, mas pessoas especializadas. O cenário não é feito pelo programador. Lua habilita pessoas mais criativas, que têm alguma noção de programação a escrever o roteiro.
Porque a linguagem é tão importante
Lua é uma linguagem de script voltada para pessoas que não são programadores profissionais, o que a torna ideal para o desenvolvimento de jogos. Por conta disso, ela foi a mais usada nesta área durante vários anos. Segundo Celes, o sucesso foi possível por conta de suas características e qualidades.
— Lua é uma linguagem que tem o nível de abstração mais elevado, a ponto de poder ser usada por não profissionais da computação, por isso ela é muito adequada para fazer o script de um jogo. É relativamente simples e proporciona total poder de programação.