É fato ou fake?
04/06/2024 15:47
Geovanna Veiga

Jornalista do G1 e ex-aluna da PUC-Rio Thaísa Coelho retorna à Universidade para falar sobre fact checking

A Jornalista Thaísa Coelho durante bate-papo com estudantes da PUC-Rio. Foto: Caio Matheus

Com o amplo acesso da população à tecnologia, as chamadas fake news, ou notícias falsas, tornaram-se uma realidade constante no cotidiano tanto dos cidadãos quanto dos profissionais da comunicação. Esse fenômeno foi discutido pela jornalista e líder de produtos do G1, Thaísa Coelho, durante um bate-papo realizado na PUC-Rio no dia 28 de maio. O evento teve como foco a importância da checagem de informações em um cenário marcado pela disseminação rápida e indiscriminada de conteúdos duvidosos.

A jornalista iniciou a conversa com a explicação das diferentes formas de produção de fake news. Embora existam várias categorias, duas se sobressaem, as que resultam de imagens fora de contexto, e republicadas várias vezes até serem tidas como verdade, e aquelas criadas para chocar e fazer as pessoas acreditarem em informações absurdas. A última pode ser dividida em grupos que partem de diferentes motivações, como pessoas que recebem dinheiro para fazer e propagar esse tipo de notícia, as que fazem por ideologia política e as chamadas trolls, pessoas que criam esse conteúdo falso com sátira ou piada.

Após diferenciar os tipos de fake news, Thaísa explicou a lógica utilizada pelo G1 para a checagem de informações. Ela afirmou que não existe um processo definitivo e acrescentou que cada caso é particular e que geralmente a abordagem depende da situação; também deu dicas de como evitar cair em clickbaits.

– Quando a informação é muito absurda é um fator a se atentar, como no caso da imagem criada por Inteligência Artificial do Papa Francisco com um casaco no estilo puffer, que viralizou na internet no ano passado –  disse a jornalista.

A Líder de Produtos do G1 Thaísa Coelho explica sobre Fake News em palestra na PUC-Rio. Foto: Caio Matheus

Logo em seguida, exemplificou o processo de pesquisa reversa - quando se tem o resultado e se quer saber sua origem para descobrir se a informação é verídica. No caso das imagens, é fácil pesquisar no Google ou em outros buscadores. Para vídeos, o melhor método é tirar prints da parte de maior definição do vídeo e repetir o processo anterior. O ideal é averiguar se as imagens aparecem em outras manchetes, observar as datas, os países e qualquer pista que indique a real origem da imagem ou que confirme a veracidade delas.

A jornalista explicou que grande parte da problemática também se dá pelo fato de o público pouco se responsabilizar pela veracidade dos fatos quando recebe uma notícia e não checa a veracidade das notícias. Thaísa afirmou ainda que o jornalismo e as matérias que desmentem as publicações, na maioria das vezes, não têm o mesmo alcance, e que é preciso abordar esse tema nas faculdades, afinal, os comunicadores precisam adaptar a forma de falar para que notícias se espalhem com mais facilidade.

– Para comunicar de forma eficiente, é importante ser claro e objetivo, usar uma linguagem compreensível para todos. A mensagem deve se ajustar ao tempo disponível das pessoas. Se alguém está com pressa e não pode ler uma reportagem completa, ofereça um resumo. Se está no ônibus a caminho da faculdade, forneça o conteúdo em formato de podcast. Nas redes sociais, como TikTok e Instagram, utilize uma linguagem que as pessoas já usam nesses meios. Produza vídeos com uma linguagem digital apropriada para essas plataformas, adapte o tom de voz do produto para cada momento e ambiente.

A professora do Departamento de Comunicação da PUC-Rio, Itala Maduell, organizadora da palestra, enfatizou a relevância de abordar esse tema no ambiente universitário. Segundo ela, discutir questões atuais e relevantes como as fake news no contexto acadêmico é fundamental para a formação crítica dos estudantes, além de promover um espaço para a troca de ideias e a ampliação do conhecimento sobre o tema de grande impacto na sociedade.

Professora Itala Maduell durante palestra sobre Fake News e checagem de informações. Foto: Caio Matheus

– Não há como ser jornalista hoje sem lidar com desinformação. É importante conhecer as agências e projetos de checagem, as técnicas e classificações adotadas, entender o que são só uma parte do processo. Nós, da área da Comunicação, temos uma responsabilidade  na conscientização sobre este fenômeno que impacta toda a sociedade. – afirma a professora.

A palestra contou com interação dos alunos. A estudante de intercâmbio Abigail Amane destacou que as fake news devem ser debatidas no ambiente acadêmico. Amane falou que a oportunidade de participar da conversa poderia contribuir para a sua formação pessoal e profissional, além de proporcionar uma compreensão mais ampla e aprofundada sobre o assunto. 

– Na Espanha, o curso que estudo é de comunicação, mas é abordado de uma forma muito diferente. Foi aqui que entendi que jornalismo e publicidade são áreas distintas dentro da comunicação. Então essa palestra ajudou muito, especialmente para entender como as fake news funcionam, como é o sistema por trás delas e como se faz para averiguar as notícias. 

Thaísa encerrou a conversa dando destque a importância de debater essas questões dentro da Universidade e como se pode abrir caminhos para que se integrem mais ao curso de comunicação. Para ela, o impacto social do jornalismo e do fact checking  faz uma grande diferença para o futuro profissional e para a sociedade.

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