A busca pela liberdade nas manifestações artísticas
07/06/2024 15:18
Ana Tonelli

Marc Lenot debate fotografia experimental a partir das ideias do filósofo Vilém Flusser

Marc Lenot explorou obras da fotografia experimental em encontro na Universidade. Foto: Caio Matheus

Com a frase “fotografia sem controle” estampada na camiseta, Marc Lenot contou sobre a busca pela liberdade nas manifestações artísticas para uma plateia de estudantes, durante visita à PUC-Rio. O pensador francês e crítico de arte do jornal Le Monde, apresentou obras que ultrapassam os limites das normas vistas em livros teóricos. A partir das ideias do filósofo Vilém Flusser, o escritor debateu a fotografia experimental no Departamento de Artes e Design da Universidade.

O convite para a vinda de Lenot ao campus veio pelo Reitor Padre Anderson Antonio Pedroso, S.J.. Os dois se conheceram quando o francês buscava saber mais sobre o experimentalismo nos retratos, algo pouco estudado até então. Ele percebeu que os textos de Flusser, embora não debatessem fotos, se encaixam diretamente no modelo não convencional que buscava. Ao procurar sobre o autor, descobriu que a primeira tese em relação a ele foi escrita em 2020, pelo Reitor da PUC-Rio que considera a fotografia uma metáfora da sociedade.

— O artista projeta novos mundos e Flusser considera que eles promovem a criação de conhecimento. A prática experimental mostra que cada um pode brincar com aquilo que lhe foi programado. Seja uma foto ou até a vida. O objetivo é buscar liberdade – declarou Padre Anderson.

O Reitor Pe Anderson Antonio Pedroso, S.J, refletiu sobre os pensamentos de Vilém Flusser. Foto: Camila Bourgard

O pensador é autor do livro Jouer Contre Les Appareils e usou da obra para apresentar a arte que explora as margens da fotografia. Lenot explicou que nos retratos convencionais por vezes o autor se torna refém da máquina e, para ele, seria preciso romper e questionar as regras impostas. De acordo com o escritor, a fotografia nunca é apenas um meio, mas sim uma matéria. O francês relatou que os artistas que buscaram cruzar os limites nas criações recusaram o papel funcional do aparelho, por isso usavam diferentes materiais e formas de registrar.

— A fotografia experimental permite um comportamento mágico. No lugar de ser um profissional do aparelho, o fotógrafo assume o controle, o que permite resultados imprevisíveis e naturais. São as fotos do acaso que permitem interação – ressaltou o crítico.

Para Lenot, fotógrafos experimentais como Miroslav Tichy, Steven Pippin e Juliana Borinski eram motivados a fazer algo além. Nas obras destes artistas, mais do que o contato com o aparelho, havia também o contato com o objeto e o ambiente. O resultado do trabalho, que tinha como intenção questionar os padrões, seria uma maior consciência em relação ao ato de criar. O escritor acredita que a arte fotográfica é um pretexto para falar sobre o mundo como um todo.

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