Não é só no esporte que o Brasil soma medalhas. Atletas de matemática dividem o pódio com medalhistas olímpicos. Na 31ª Competição Internacional de Matemática para Estudantes Universitários (IMC, na sigla em inglês), disputada este ano aconteceu em Blagoevgrad, na Bulgária, alunos do Departamento de Matemática da PUC-Rio faturaram medalhas de todas as categorias. Arremataram, inclusive, as duas melhores colocações nacionais no torneio.
A equipe composta por Miguel Batista, Luis Felipe Giglio, Artur Vieira, João Artur Linhares, João Marcelo Carvalho, Gabriella Morgado e a líder Luize D’Urso reforçou a tradição de conquistas na área do Departamento de Matemática. Com 65 pontos, maior nota brasileira desta edição, o veterano Miguel Batista despediu-se das competições com ouro:
– Essa foi minha quarta e última Olimpíada, porque me formei. A IMC era meu carrasco final. Nas três vezes anteriores, tinha ganhado o bronze. Eu até já conquistei outras competições, mas nunca havia me saído tão bem nesta prova. Foi muito importante concluir esse ciclo com a maior colocação do Brasil – comemora.
Luis Felipe Giglio ficou logo atrás, com 63 pontos, a segunda maior colocação brasileira. Assim como Miguel e os outros integrantes da equipe, Giglio também acumula experiências nas disputas matemáticas desde o ensino médio e coleciona medalhas há algum tempo. Os veteranos inspiram estudantes como Artur Vieira e João Artur Linhares, que conquistaram a medalha de prata, com 52 e 46 pontos, respectivamente, e João Marcello Carvalho, que alcançou 40 pontos e levou o bronze.
A alegria com a medalha de ouro não subtrai a lucidez de Giglio. Ele reconhece que “a sorte também influencia o resultado”, mas enaltece o empenho na prova. E diz que “é muito satisfatório dividir a conquista com os pais”.
Os integrantes da equipe vitoriosa atribuem o ótimo desempenho à conjugação de fatores como dedicação, suporte familiar, talento e cooperação. São unânimes em ressaltar a importância decisiva do grupo de estudos. Embora estudem por conta própria, costumam juntar-se num dia na semana para debater problemas matemáticos e discutir as melhores formas de resolvê-los.
Cada um deles leva uma contribuição independente do período que cursam. A tática, lembram os medalhistas, deu resultado: em diversos momentos da prova, só conseguiram resolver um problema por relembrarem as discussões no grupo.
Gabriella Morgado encara desafios além dos que superou na conquista do bronze (33 pontos). Única mulher no time, ela desbrava uma área predominantemente masculina:
– É mais difícil de socializar. Na maioria das vezes, todos os meninos [da equipe] ficam juntos no quarto e fico com meninas de outros países, que não conheço. Dessa vez eu estava com a líder, então foi mais tranquilo de me enturmar com as outras participantes, também já conhecia membros de outras equipes brasileiras. Mas, normalmente, é bem solitário.
Os seis integrantes da equipe são contemplados com uma bolsa de estudos que cobre integralmente os custos na Universidade (Bolsa Desafios). Esta é uma particularidade do Departamento de Matemática da PUC-Rio, que oferece uma prova com questões que simulam as olimpíadas da área. O benefício busca atrair estudantes com aptidão na matemática, que já se destacam nas competições do tipo no ensino médio.
A preparação desses atletas dos cálculos inclui uma aula cujo objetivo é preparar os chamados calouros olímpicos para ingressarem nas competições do tipo. Os torneios internacionais revelam-se também uma oportunidade de intercâmbio de experiências, conhecimentos e costumes. João Marcelo conta que, se não fossem as competições, ele não teria a chance de conhecer e explorar culturas de outros países:
— Participar de uma Olimpíada representa a oportunidade de viajar, de conhecer tantos lugares, culturas diferentes. O melhor é trocamos ideias e experiências com pessoas do mundo inteiro, com gostos e interesses em comum.