Fantasia de super-heroína, maquiagem e cílios mágicos capazes de fazer objetos levitarem. Foi assim que a peruana Katia Vega, doutoranda do Departamento de Informática da PUC-Rio, venceu a categoria Superheroes do prêmio TEI Design Challenge em Barcelona, Espanha. Ela desenvolveu cílios postiços que junto com uma maquiagem condutora envia informações a um controle escondido no bolso da roupa. Assim, ela faz um objeto levitar e troca slides de um projetor. Tudo isso com um simples piscar de olhos.
Única do campo da computação – todos os outros competidores eram designers – e única representante da América do Sul, Kátia disse ter ficado surpresa com a vitória.
– Eu era a única estudante latina e me senti muito bem em representar a minha universidade. Foi muito legal realmente, eu não esperava – afirmou, com um sorriso no rosto.
A vitória não foi apenas pela inovação fantástica de levantar um objeto do chão sem tocá-lo, ela também fez uma performance digna de primeiro lugar. Afinal, o desafio era inovar com criatividade. Quando chegou lá, todos tinham dispositivos que eram os projetos a serem apresentados. Perguntada sobre onde estava sua instalação ela respondeu, “eu sou a minha instalação”.
– Coloquei a fantasia, fui lá e falei: Oi, eu sou a Katia, sou super-herói. E quando eu piscava, conseguia fazer o objeto sair do chão. Quando piscava o outro olho, trocava slides com imagens de super-heróis – contou.
Orientador de Katia, o professor Hugo Fuks, do Departamento de Informática da PUC-Rio, acredita que o prêmio é uma prova de que as pesquisas estão na direção certa.
– No caso é a Katia, mas poderia ser qualquer outro aluno. E um prêmio como esse estimula outros alunos a entrarem em desafios semelhantes – afirmou o professor.
A tecnologia usada pela doutoranda é conhecida como wearable computers, ou computadores vestíveis. Literalmente uma tecnologia para vestir. A ideia é que no futuro as roupas, relógios e anéis sejam uma extensão do nosso corpo.
– Esse tipo de tecnologia vai trazer a periferia dos nossos sentidos. Imagine que você está usando óculos e você tem um monte de informações a respeito da pessoa com que está conversando. A informação apareceria periférica. Então você fica mais humano, você conversa olhando para a pessoa, não para o celular – explicou o professor e pesquisador.
Há quatro anos, a peruana desenvolve o que chama de Beauty Technology, em que ela concilia componentes eletrônicos com produtos de beleza como maquiagem e unhas postiças. Ainda em fase inicial, o projeto é uma interação literal entre as pessoas e os objetos ao redor. Desse modo, as portas poderiam ser abertas com um simples movimento das mãos, sem contato algum com a peça.
– As pessoas continuam tendo suas personalidades, mas com essa tecnologia escondida em produtos de beleza. Eu posso tocar piano, eu posso abrir as portas. É a mesma tecnologia usada no RioCard. Imagina você ter isso nas suas unhas, por exemplo, você poder abrir as portas com um simples movimento? – indagou a doutoranda.
– A imaginação é o limite – disse o professor Hugo Fuks, reforçando que a tecnologia ainda trará muitas novidades. O que antes era roteiro de cinema, que ficava no plano da imaginação, está cada vez mais se tornando uma realidade.
Edição 268