As relações e questões étnicas e raciais presentes no Brasil foram o fio condutor da palestra Identidade e Direitos, primeira mesa temática do segundo dia do Seminário Internacional Desafios da Diversidade e Desigualdade, organizado pelo Departamento de Ciências Sociais, no dia 9 de setembro, no auditório do RDC. O debate foi coordenado pela professora Angela Randolpho Paiva, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da PUC-Rio, e teve a participação dos professores Antonio Sérgio Alfredo Guimarães, da Universidade de São Paulo (USP), Livio Sansone, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), e Thula Pires, do Departamento de Direito da PUC-Rio.
Durante o encontro, Guimarães analisou o racismo recorrente no Brasil e comentou a questão das cotas nas universidades. Além disso, o professor comentou sobre as medidas necessárias para diminuir a distância socioeconômica entre brancos e negros e a discriminação racial no país.
– Qualquer intervenção que diminua a pobreza ou favoreça a mobilidade social, e que combata diretamente as discriminações raciais e a propagação dos preconceitos raciais, pode ajudar e muito a diminuir o racismo no Brasil – apontou.
Já Sansone, coordenador do projeto de pesquisa Museu Digital da Memória Africana no Brasil, que estuda a identidade e percepção das desigualdades no Recôncavo da Bahia e em Cabo Verde, falou sobre hierarquias e representações raciais, além de explicar a patrimonialização da cultura afro-brasileira.
Com a palavra final, Thula falou sobre como o Direito é peça fundamental para lidar com os desafios raciais recorrentes no Brasil. Além disso, a professora também citou a importância do positivismo e de aspectos da Teoria do Direito para entender melhor as discussões expostas no debate.
Transformação de Gênero
A tentativa de refletir quais transformações o feminismo trouxe para os campos acadêmico e político foi uma das questões levantadas na palestra Transformação de Gênero, do II Seminário Internacional Desafios da Diversidade e Desigualdade, no dia 9 de setembro. O debate foi mediado pela coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da PUC-Rio, Sonia Giacomini, e contou com a participação da antropóloga Mirian Goldenberg, professora do programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia do IFCS/UFRJ, e da professora Miriam Grossi, do Departamento de Antropologia da Universidade de Santa Catarina (UFSC).
Durante o encontro, Miriam Grossi observou que a questão do gênero tem ocupado espaços de disputas importantes no Brasil.
- Toda televisão é consumo. Nós estamos falando de valores que passam pela questão econômica. Mas são representações, e que não deixam de ter um potencial revolucionário, perturbador, sobretudo quando essas questões entram na sala de uma família religiosa, conservadora.
Miriam Grossi também afirmou que a reivindicação das transexuais pelo nome social é uma das questões bem-sucedidas da nova geração da causa feminista. O direito de ser reconhecido pelo nome com o qual se identifica, e não o de nascimento, foi conquistado, recentemente, por Cleo de Oliveira Souza, estudante de Serviço Social da PUC-Rio, uma decisão inédita da Universidade.
As professoras observaram que a garantia de direitos da população LGBT tem sido defendida mais amplamente pelo Estado brasileiro a partir dos anos 2000, com o movimento Brasil sem Homofobia e, posteriormente, o projeto de lei Maria da Penha. Além disso, as palestrantes pontuaram a importância do crescimento na pós-graduação, que possibilitou o desenvolvimento de muitas pesquisas direcionadas ao tema.