Detentora um dos mais importantes acervos de arte clássica dos museus brasileiros, a Fundação Eva Klabin abriga mais de 2 mil peças, que compreendem quase 50 séculos de arte. Preciosa e rara, a coleção foi reunida por Eva Klabin ao longo de toda a vida e doada à cidade do Rio de Janeiro em 1990, um ano antes da morte de sua idealizadora. O museu foi oficialmente aberto ao público em agosto de 1995.
Primeira filha dos imigrantes lituanos Fanny e Hessel Klabin, Eva já mostrava interesse pelo colecionismo desde a adolescência, quando adquiriu duas pequenas pinturas de paisagem do pintor holandês Glauber, do século XVII, comprados com o dinheiro da mesada. O hábito de colecionar foi herdado também pela irmã mais nova, Ema Gordon Klabin que, em 1978, criou a Fundação Cultural Ema Gordon Klabin, em São Paulo.
Considerada uma mulher pouco ligada às convenções, Eva Klabin trocava o dia pela noite, organizava jantares sempre após a meia-noite e tinha uma vida social intensa. De acordo com a museóloga da Fundação Ruth Levy, a colecionadora tinha orgulho de mostrar o acervo e recepcionou figuras ilustres como o ex-presidente Juscelino Kubitscheck e o ex-premiê israelense Shimon Peres.
– Para o banqueiro David Rockefeller, Eva ofereceu um jantar que ficou nos anais da sociedade carioca pelo requinte e belíssimos arranjos florais feitos pelo amigo Burle Marx.
A casa-museu, localizada na Av. Epitácio Pessoa, 2.480, na Lagoa, é dividida em ambientes que foram nomeados de acordo com as peças expostas ou alguma outra característica marcante do espaço, como por exemplo a Sala Renascença, que abriga obras do Renascimento Italiano, ou a Sala Verde, cujo nome vem do tom esverdeado de um fragmento de tapeçaria flamenga do século XVI, Feuilles de Chou. A disposição dos objetos em cada uma das salas foi feita por Eva Klabin e, segundo a museóloga, reflete muito o gosto e a personalidade da colecionadora.
Ruth, que trabalha na Fundação há 22 anos, conta que a coleção tem núcleos de grande relevância e, apesar de marcantes, peças de diferentes épocas e procedências convivem na casa de forma harmônica e criativa.
– Na coleção egípcia, destaca-se uma máscara de esquife de gato do período Ptolomaico. Na greco-romana, uma cabeça de Apolo de mármore dos séculos I a II a.C. Chama a atenção ainda o Retrato de Nicolaus Padavinus, pintado por Tintoretto no fim do século XVI. Na coleção oriental, figuras de Buda e outras divindades, além do camelo montado por uma figura de mulher, uma elegante peça em terracota da dinastia Tang. A prataria e os tapetes também merecem destaque pela beleza e qualidade das peças.