Qualificação e ousadia: apostas para o jovem no mercado de trabalho
18/05/2016 12:09
Diana Fidalgo

Publicitário Diogo Fraga compartilhou suas experiências e deu dicas profissionais para estudantes e recém-formados.

Foto: Mariana Salles


Problema crônico no país, o desemprego, realidade para 10,4 milhões de brasileiros, atingiu 20% de jovens entre 18 a 24 anos no último levantamento do IBGE, pela primeira vez desde 2007. Em meio à crise, a entrada no mercado de trabalho depende cada vez mais de qualificação, acredita o publicitário Diogo Fraga, 32 anos, diretor de comunicação da Vezpa Pizzas. Na apresentação Tudo ou Nada: um olhar sobre o mercado e o recém-formado, no último dia 12, no Departamento de Comunicação, Fraga apresentou sua visão otimista e descontraída aos recém-formados competentes, afirmando que “todas as áreas estão carentes”.

Para o empresário, há um desencontro na expectativa do jovem com seu primeiro trabalho e o que é de fato, assim como do mercado em relação a estes e ao que têm a oferecer. Fraga recomendou fazer muitos estágios para esse primeiro contato ser mais agradável. E destacou que, independentemente do mercado em que o profissional for atuar, é necessário ser útil e produtivo:

– A empresa paga e usa seu tempo, e o estudante tem a oportunidade de aprender na prática e mostrar competência. Por exemplo, quando um cliente pede para mudar algo que estava correto. Ou, quando se trabalha com um amigo, aprender a cobrar ou não se deixar explorar.

Citando seu processo pessoal, Fraga defendeu que o crescimento profissional é pautado por um tudo ou nada, em que há sempre uma renúncia: é preciso abrir mão de algo para progredir. Ressaltou a importância de abdicar do comodismo e ter uma “postura corajosa” de enfrentar o mercado de trabalho. Sua história do “tudo ou nada” teve início com o primeiro vestibular para arquitetura: “Percebi que aquele mundo não era meu, gostava de apenas uma pequena parte da faculdade”. A publicidade surgiu como alternativa, apesar de ser um mundo desconhecido, incerto.

– Minha família e amigos tinham uma visão pessimista. Antigamente, ter sucesso em publicidade dependia de entrar na melhor agência do Brasil, do mercado de TV, rádio e jornal. Hoje o mercado é muito amplo e, com qualificação, pode-se ser produtivo em qualquer parte – lembrou.

Diogo Fraga,  Foto: Mariana Salles


Convidado pelo Centro Acadêmico de Comunicação Social e a Atlética de Comunicação, Arquitetura e Design da PUC-Rio, o profissional aconselhou os alunos a aproveitarem tudo o que a faculdade oferece e valorizar a postura acadêmica, bibliografia e práticas.

– Postura acadêmica é ver os trabalhos como prática profissional. Usar a estrutura tecnológica da faculdade, estúdios, equipamentos, tudo o que um curso fora da faculdade cobra mais caro para treinar. A bibliografia é a capacidade de desenvolver o máximo em relação à estética, ao design, ao estilo de gráfico, à diagramação, ao layout. Ou seja, ver muito filme, ler muitas revistas, ir a muitas galerias. E as práticas seriam os estágios, a vontade e determinação para fazer o seu mercado. Com isso, novas oportunidades começarão aparecer: convites para eventos, vaga de estágios, network, contatos, bolsas, novos prazeres e novas experiências.

Definindo-se como “sincero, cúmplice e sem preconceito” e dono de “uma curiosidade enorme”, Fraga definiu o publicitário como “um bom entendedor de seres humanos”, que precisa saber se colocar no lugar das pessoas, entendê-las, ter a cabeça aberta e coragem de aproveitar as oportunidades. E ressaltou a importância do conhecimento do mercado, domínio de línguas e ferramentas (Illustrador, Indesign e Photoshop) – “O médico tem que saber qual bisturi usar para operar o paciente” – e lidar com gente, praticando com cursos e experiências voluntárias, mesmo não sendo na área em que se queira trabalhar. “Quem não topa fazer o trabalho chato não merece filé com fritas”, brincou.

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