Estudo e trabalho no mesmo lugar
30/09/2016 17:38
Marcelo Antonio / Fotos: Gabriel Molon

Funcionários têm direito a bolsa estudantil para os cursos

Segurança da Reitoria, Sidnei cursa o quarto período de Serviço Social
Sidnei Irineu dos Santos tem 38 anos e é estudante do quarto período de Serviço Social da PUC-Rio. Ele pode ser visto à noite, quando estuda, ou pela manhã, no 2º andar da Ala Kennedy, no Edifício da Amizade, onde exerce a função de Agente Patrimonial do escritório do Reitor.

Morador do município de Caxias, na Baixada Fluminense, Irineu já foi militar e, depois de um curso, se tornou supervisor de segurança, função que exerceu por oito anos, até 2013, quando foi contratado pela Universidade.

– Trabalho aqui há três anos. Ao entrar, fiquei sabendo da bolsa para funcionários, o que despertou meu interesse. Me matriculei no pré-vestibular da Pastoral Universitária. No fim daquele ano, fiz a prova para ingressar no curso de Serviço Social, no vestibular de 2015.1, e fui o 10º colocado.

Irineu sai de casa às 4h15 e só retorna às 22h, mas diz não se incomodar com a distância ou cansaço, pois o desejo de estudar compensa. Para se manter em dia com as disciplinas, ele utiliza, além do tempo livre, os fins de semana.

– Me surpreendo positivamente com o curso, cada dia mais. A abordagem é bem ampla. Expandi a minha gama de conhecimentos na área de humanas. Aprendi bastante de psicologia, antropologia, sociologia. Entre o trabalho e as aulas, vou bastante ao RDC e à biblioteca para estudar. Aos sábados, faço um estágio, pela Escola Médica, que presta serviço médico às mulheres da Comunidade da Rocinha.

Em 2013, Sérgio Rodrigo Sant’Anna começou a trabalhar como Assistente Administrativo do Centro Loyola de Fé e Cultura da PUC-Rio. Hoje, aos 36 anos, cursa o primeiro período de Comunicação Social. Anteriormente, ele tentou Direito e Contabilidade, em outras instituições, mas, por falta de dinheiro para pagar as mensalidades, acabou sendo obrigado a abandonar os cursos.

– Eu era gerente de restaurante, quando apareceu a oportunidade de vir para a PUC, como assistente administrativo, e também a oportunidade de fazer a faculdade. Graças ao programa de pré-vestibular da Pastoral para funcionários, fiz dois anos de curso e passei, não só pela nota do vestibular, mas também pelo ENEM.

Sérgio Rodrigo Sant’Anna trabalha no Centro Loyola de Fé e Cultura e é calouro no curso de Comunicação Social

Atualmente, Sant’Anna é assessor de coordenação do setor de espiritualidade do Loyola. Ele perde cerca de quatro horas por dia no trânsito, duas para chegar à Gávea e outras duas horas para voltar para casa, no Méier.

– Agradeço muito à Pastoral, ao diretor do Centro Loyola, padre Fernandes, que adequou o meu horário para eu ter a chance de estudar. Na maior parte dos dias, chego em casa meia-noite. Também faço curso de inglês para funcionários. Sempre tive dificuldade para entender o idioma, mas sinto que agora não estou mais ficando para trás.

Assim como todo calouro, Sant’Anna está encantado com as oportunidades que o novo curso o apresentou. Ele afirma que escolher Comunicação foi uma decisão que necessitou de planejamento.

– Faço análise há dois anos e queria entrar em uma área que realmente me identificasse, porque já tinha 34 anos e duas faculdades não concluídas. Com meu psicanalista, que também é orientador vocacional, decidi que iria cursar Comunicação, pois já trabalho em produção de eventos, e publicidade era o que mais dialogava comigo. Está sendo uma novidade muito agradável. Cada descoberta, livro e texto que leio, me identifico.

Em alguns casos, como o de Leonardo Pinhal, 28 anos, aluno do 9º período de Jornalismo e auxiliar técnico do laboratório de Engenharia Mecânica, o local de trabalho e o curso não se relacionam. E, como todos os outros, faz um malabarismo para equilibrar as atividades. Ele estendeu a faculdade além do prazo original, fato que não o impediu de realizar outras atividades por fora.

– Estou aqui na PUC desde 2006. Antes de me tornar aluno, fiz um curso técnico de produção fonográfica em outro lugar. Quando estava prestes a concluí-lo, recebi a notícia que tinha sido aprovado para Comunicação Social.

A ajuda dos colegas de trabalho é um facilitador na vida acadêmica do funcionário do laboratório. Como tem aulas em diferentes turnos, Pinhal conta com o suporte da equipe.

– Eles apoiam muito meus estudos, e várias vezes me liberam para que eu possa estudar ou cursar uma disciplina pela manhã. Devo me formar no 10º ou 11º período, e tenho a intenção de continuar trabalhando aqui na PUC, mas na área de Comunicação. Talvez misturando com a produção fonográfica.

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