Um conjunto de atividades econômicas organizadas por meio da autogestão. Esse é o conceito que define a economia solidária, cuja prática contribui para a inclusão social e o respeito à natureza. O incentivo a esse fim e a criação de um espaço de diálogo entre alunos, professores e empreendimentos populares marca a Feira de Artesanato Rio se Move. O projeto é uma parceria da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro com a PUC, por meio da Vice-Reitoria Comunitária. O Vicariato para Caridade Social, da Arquidiocese, que desenvolveu a Rede Dom Hélder Câmara de Economia Solidária, articula iniciativas para estimular os trabalhos comunitários.
Realizada todas as segundas-feiras nos pilotis do Edifício da Amizade, na Ala Kennedy, a feira é uma amostra de atividades feitas por essas organizações, que envolvem questão ambiental, artesanato, geração de renda e ajuda à população de rua. O Vigário Episcopal, padre Manuel Manangão, responsável pelo Vicariato para a Caridade Social, observa que a colaboração com a Universidade fortalece os projetos da Arquidiocese e, assim, há a possibilidade do envolvimento de diferentes departamentos. Portanto, a PUC ganha um espaço de capacitação e de estágio para alunos, observa.
– Esse projeto já vem de muito tempo na Arquidiocese. O convênio está sendo costurado, e queremos expandi-lo. Por um lado, temos um espaço voltado para as questões sociais e ambientais. Por outro, essa parceria cria outras perspectivas para a formação dos alunos.
Assessor da feira, o jornalista Isaías Bezerra de Almeida conta que o objetivo da ação não é apenas vender produtos, mas também um convite aos departamentos da Universidade para propiciar uma troca de conhecimento.
– O Departamento de Comunicação Social pode pensar em uma identidade visual para as barracas. O de Química, realizar um estudo de materiais que utilizamos. Quais são as questões? Ainda não temos as respostas. Esse é propósito do trabalho com a PUC.
O pré-requisito para participar da Rede Dom Hélder Câmara é ser um artesão. Na feira, são vendidas camisetas com temas religiosos, bolsas, pulseiras, terços, sabonetes, além de salgados. Algumas peças eram feitas de materiais reciclados, como uma luminária de PVC vendida por Marlene Coelho da Costa, moradora da Vila Canoas, em São Conrado. Ela mesma confecciona e vende todos os produtos expostos, que incluem chaveiros, terços de fuxico e porta-retratos. Na mesa ao lado, Lúcia Ferreira expunha camisetas e sacolas “dupla-face”, de tecidos doados por fábricas. Ela, que também é da Vila Canoas, representa um grupo de dez mulheres.
– Sempre estive envolvida com a Igreja. A comunidade cede uma sala com equipamentos para nós, e a Arquidiocese abriu um espaço para aprendermos e gerarmos renda – conta Lúcia.
O colombiano Andrés Gomez, que está há três anos no Rio, trabalha no projeto com a família. A mãe faz empanadas, expostas na feira, enquanto ele e a mulher confeccionam pulseiras, brincos e cordões. Nos fins de semana, eles participam de uma feira na Praça Mauá.
– Minha mãe nos trouxe para a Rede. No dia a dia, trabalhamos na rua mesmo. Na PUC, é a primeira vez.
A ação Rio se Move e Recicla Óleo de Cozinha também foi apresentada na feira, como um ato concreto inspirado pela Campanha da Fraternidade deste ano, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cujo tema é Biomas Brasileiros e Defesa da Vida. A reciclagem do material foi pensada desde a coleta até a destilação final sem criar lixo. Coletores reutilizáveis são distribuídos, o que elimina o uso de garrafas PET. Nas paróquias, galões são disponibilizados para armazenar o óleo. Depois, eles são transportados por moradores de rua para fábricas, onde produzem sabão e biodiesel.
A assistente social e secretária do Vicariato para Caridade Social Tânia Nascimento ressalta que o propósito desse trabalho é a inclusão.
– Essa Rede tem como objetivo acolher a todos que queiram expor. O desafio é incentivar esse trabalho dentro de um processo criativo.