Crise da mídia ou das empresas de comunicação?
14/06/2019 16:20
Juan Pablo Rey

Palestra Jornalistas em mutação encerra a 1ª Semana do Jornalismo na PUC-Rio

Convidados acompanham a palestra de Gilberto Scofield. Foto: Amanda Dutra
 

Jornalistas em mutação foi o tema do último debate da 1ª Semana do Jornalismo, na sexta-feira, 31. Os jornalistas Gilberto Scofield, Sidney Garambone, Aydano André Mota e o fotógrafo Sergio Moraes abordaram as mudanças no mercado de comunicação e como profissionais tiveram que se adaptar para permanecer na ativa. Durante cinco dias, o encontro organizado pelo Departamento de Comunicação Social reuniu 50 jornalistas, 40 organizações e 20 professores e pesquisadores.

 

Diretor de estratégia e negócios da Agência Lupa, primeira agência de notícias do Brasil a se especializar na técnica jornalística conhecida como fact-checking, ou checagem de fatos, Gilberto Scofield destacou a importância da versatilidade e inquietude na profissão para se adaptar às diferentes propostas que surgirem. Ele explicou que a Lupa desenvolveu um método para verificar uma possível notícia falsa.

 

- Nós pegamos declarações verificáveis e confrontamos com bases de dados sérias e cientificamente fundamentadas para saber se o que está sendo falado é um absurdo ou se mantém dentro de dados oficiais verificáveis. Toda vez que alguém clica numa nota no Facebook e diz que alguma coisa é falsa, o Facebook manda esse post para nós. Temos ferramentas que conseguem perceber com bastante intensidade como uma mentira vai levantando voo.

 

Sidney Garambone relevou bastidores dos programas que dirige no Sportv. Foto: Amanda Dutra

 

Editor-chefe dos programas Bem, Amigos!, Boleiragem e Grande Círculo, do Sportv, Sidney Garambone contou casos de bastidores das gravações e ressaltou a importância de o jornalista se manter atualizado ao máximo. Ele explicou detalhadamente sobre o novo programa, Grande Círculo, exibido no Sportv e no Esporte Espetacular, da Rede Globo, e relatou um episódio ocorrido com Galvão Bueno, um dos entrevistados da atração.

 

- O programa é uma espécie de Roda Viva do esporte, com nomes consagrados e que possam surpreender. Quando pensamos em fazer uma entrevista com o Galvão, houve uma resistência interna para que não entrevistássemos um cara da emissora, pois acharam que seria chapa branca. Para resolver, chamamos pela primeira vez entrevistadores de outros canais, como a Renata Fan, da Bandeirantes, o Paulo Amigão, da ESPN, e o Sérgio Rodrigues.

 

Sérgio Moraes mostrou imagens dos quase 40 anos de carreira. Foto: Amanda Dutra

 

O fotógrafo-chefe da Reuters no Brasil, Sergio Moraes exibiu em imagens parte dos quase 40 anos de carreira. Ele mostrou a evolução dos equipamentos e da velocidade em que as fotos eram publicadas ao longo do tempo, e contou sobre um dos seus cliques favoritos: Ronaldo Fenômeno, após toda a polêmica em campo na final da Copa do Mundo da França, em 1998.

 

- A foto ficou marcada pela história do Ronaldo que não ia jogar, mas acabou jogando. Nós, no campo, nem sabíamos o que estava acontecendo, porque, quando veio a primeira lista dos titulares, o Edmundo estava no lugar dele. Depois veio uma lista com o Ronaldo, o que parecia um erro. A foto que eu tirei nesse dia acabou sendo a foto do Ronaldo nessa Copa e está até em um documentário sobre fotos marcantes de Copa do Mundo.

 

Aydano André Mota foi o último palestrante da Semana do Jornalismo. Foto: Amanda Dutra

 

Ficou com Aydano André Mota, um dos editores do Projeto #Colabora, a missão de ser o último palestrante da 1ª Semana do Jornalismo. Ele criticou o modelo das mídias tradicionais, classificando-o como ultrapassado e previsível. Aydano também destacou algumas características de quem consegue manter-se em sintonia com o avanço da profissão: a obsessão pela qualidade, a criatividade e a pluralidade.

 

- As pessoas precisam mais e mais de informações de qualidade, de checagem. Não faz sentido a crise da comunicação nesse cenário. Minha tese é que a crise não é da mídia, mas das empresas de mídia. É um modelo hoje excessivamente corporativo. Se você viu a televisão ou entrou na rede social, vai adivinhar a primeira página do jornal no dia seguinte invariavelmente, é muito lento, não tem diálogo. Esse é um modelo no qual o jornal impresso ainda está preso.

 

No final do encontro, os professores Lilian Saback, Felipe Gomberg e Ítala Maduell, do Departamento de Comunicação Social, fizeram o encerramento oficial da 1ª Semana do Jornalismo, destacando o sucesso de público e o nível das discussões que ocorreram ao longo da semana.

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