Jornalismo Cultural
18/06/2019 17:01
Ana Carolina Moraes

Profissionais destacam relevância do tema e necessidade de investimentos em projetos artísticos

Pedro Antonio Guimarães, Anna Luiza Müller e Cristina Aragão falam sobre a importância da cultura. Foto: Amanda Dutra

O jornalismo cultural na perspectiva da televisão, do rádio e da assessoria de imprensa foi discutido por profissionais de comunicação na mesa Jornalismo Cultural em três tempos. O encontro contou com a presença da editora, repórter e comentarista de cultura da GloboNews Cristina Aragão, do âncora e colunista de cultura da BandNews Pedro Antonio Guimarães e da fundadora da Primeiro Plano Comunicação, Anna Luiza Müller. Os três são formados em Comunicação Social pela PUC-Rio. O debate foi mediado pela professora Rose Esquenazi, do Departamento de Comunicação Social, e fez parte da I Semana de Jornalismo.

Anna Luiza explicou a rotina de uma assessoria especializada em cinema, que é o caso da Primeiro Plano. A jornalista, inclusive, esteve no Festival de Cannes de 2019 para representar mais de um filme. Entre eles, está Bacurau, de Kleber Mendonça Filho, que recebeu um prêmio do júri na competição principal. Para ela, o trabalho do assessor é fundamental porque cria e define os ganchos que devem ser trabalhados com a imprensa.

- Nosso trabalho envolve preparar o material de divulgação, fazer entrevistas, selecionar as melhores fotos. O assessor precisa contar a história em torno de cada filme para contextualizá-lo. Nesse mundo da internet, é essencial que as informações sejam precisas para que o filme seja colocado na direção certa no momento da divulgação. No começo, por exemplo, muitos jornalistas não sabiam nem pronunciar o nome do filme Bacurau.

Anna Luiza Müller comenta a experiência em Cannes. Foto: Amanda Dutra

A assessora disse que os dois prêmios que o Brasil recebeu no festival foram resultados de uma política audiovisual constante, fruto de um trabalho que já vem de muito tempo. Ela espera que o governo atual perceba, com isso, que é essencial continuar com o investimento no cinema brasileiro, na cultura e na educação.

A repórter Cristina Aragão afirmou acreditar que o momento para a cultura é sombrio. Ela fez referência a uma palestra de Claudio Lins de Souza durante seminário da Folha de São Paulo, em maio, em que o advogado comenta que, se a cultura fosse um país, ele seria o sétimo colocado no mundo em termos de riquezas.

- Na televisão, a cultura é uma editoria que fica para trás quando comparada às outras. No Brasil, a falta de dados sobre a economia criativa dificulta a criação de políticas públicas direcionadas a ela. Não há o desejo de ser fazer esse mapeamento por parte do governo.

Cristina Aragão fala sobre investimentos na cultura. Foto: Amanda Dutra

Sobre a televisão, Cristina ressaltou que é importante não tentar contar uma história enorme, para que o espectador não fique perdido. Ela contou que focar em poucos personagens ou na visão pessoal do repórter são estratégias possíveis para limitar um tema abrangente. Para a repórter, o flagrante é uma combinação da sorte com a experiência. A forma de criar uma teia de contatos foi outra dica que Cristina deu para os alunos de Comunicação Social.

- Quando você não conhece ninguém, tem que ligar para o sindicato, para a escola, para o prefeito, para a assessoria de comunicação. Tem que lembrar dos amigos e dos amigos deles, e aí você vai criando a teia de contatos. Os nomes depois vão surgir naturalmente e, assim, ocorre o jornalismo de personagens.

Pedro Antonio Guimarães lembrou que se apaixonou pelo rádio na aula da professora Ermelinda Rita, do Departamento de Comunicação Social, e pela cultura, quando estagiou na Rádio PUC. O jornalista, que começou na BandNews como estagiário, relatou que teve de conquistar espaço para a área de cultura aos poucos. Agora, ele apresenta o Jornal BandNews Terceira Edição, voltado para o tema.

Pedro Antonio Guimarães lembra da trajetória profissional desde os dias da PUC-Rio. Foto: Amanda Dutra

- Estou envolvido com o Terceira Edição desde 2015, no processo de torná-lo  um jornal que fala de assunto diferentes. Chega uma hora que o ouvinte não aguenta mais ouvir falar apenas de desgraça na rádio. Por isso, o jornal passou a ser voltado para a área cultural. Tentamos trazer notícia e também muito serviço. Como a Cristina estava falando, a cultura pode ficar em segundo plano se a Niemeyer for interditada logo na hora do jornal, por exemplo.

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