Teledramaturgos em encontro com alunos
23/05/2009 18:05
Gilberto Porcidonio / Fotos: Ludmila Zorzi

Em clima de conversa, os autores Alcides Nogueira, Manoel Carlos, Ricardo Linhares e Gilberto Braga falaram para os alunos da PUC, no auditório Anchieta, como funciona a rotina de um autor de telenovelas.

O seminário Autores: Histórias da Teledramaturgia, organizado pelo departamento de Letras e o Globo Universidade reuniu, nos dias 2 e 3 de Junho, no auditório Padre Anchieta, quatro teledramaturgos consagrados para discutir um assunto de grande presença na cultura popular brasileira: as telenovelas.

 

De uma maneira muito descontraída, como em um bate-papo, os autores Alcides Nogueira, Manoel Carlos, Ricardo Linhares e Gilberto Braga falaram sobre todas as experiências, reflexões e curiosidades do trabalho feito pelo profissional dedicado a dar destino aos personagens que são acompanhados todos os dias por milhões de brasileiros.

 

Sobre as adaptações de textos literários para a tela, Alcides Nogueira, que começou escrevendo para o teatro, concordou que não precisa ser literal, mas que precisa respeitar alguns quesitos. “O importante é não mexer na espinha dorsal da obra”, afirmou. Alcides só demonstrou mais rigidez no que se refere à remontagem de textos em geral. “Sou completamente contra. Em São Paulo, proibi terminantemente que meus textos sejam remontados para o teatro”, disse.

 

Com mediação de Alexandre Montaury, Alcides Nogueira
e Manoel Carlos falaram do peso do teatro na TV

 

Manoel Carlos, que começou a carreira como ator e adaptou mais de cem autores clássicos para o teatro, disse que trabalhar com TV foi apenas uma conseqüência, apesar de estar completando 58 anos no veículo. Maneco também disse que costuma ser bem fiel ao texto que usa como base. “Toda obra é aberta, mas o importante é a inspiração que o romance te passa. Eu li Presença de Anita quando tinha 15 anos, escondido dos pais. Já nas novelas eu procuro imitar um pouco a vida, construir uma verdade possível”, explicou. Perguntado sobre a censura que supostamente seria imposta, o autor afirmou que a TV Globo não estimula esta prática, mas que ela é necessária de certa forma. “A TV não é completamente livre e nem pode ser. É assim em qualquer parte do mundo”, justificou.

 

Quando o tema é enredo das novelas, Ricardo Linhares, que começou escrevendo para teatro, disse que antigamente o telespectador era mais intelectualizado e conseguia entender histórias mais elaboradas. “Hoje tudo tem o risco de ficar sofisticado demais para o público, que quer tudo mastigadinho e tem preguiça de pensar”, criticou. Ricardo também apoiou o uso comedido da censura, como é feito nas classificações etárias. “É necessário ter muito cuidado com o que se escreve, pois nós somos responsáveis por tudo o que entra na casa das pessoas. Mas eu defendo a postura do escritor em levar questionamentos comportamentais. Isso é uma coisa que não existe em nenhuma das outras teledramaturgias latinas”, explicou.

 

Gilberto Braga e Ricardo Linhares concordaram que
as novelas ficam cada vez menos sofisticadas

 

Gilberto Braga, que frequentou o curso de Letras na PUC por dois anos, falou em tom de desabafo que, antigamente, os autores tinham a impressão de que escreviam uma novela para apenas um público e concordou com a crítica de Ricardo Linhares: “O público diversificado surgiu em Rainha da Sucata, mas, agora, o Brasil mudou muito. Realmente o nível intelectual do telespectador era muito maior. O nosso público involuiu.” Gilberto também fez uma defesa da boa relação entre autores e atores: “Chego a tomar referência sobre os atores que vou usar. Não consigo trabalhar com quem não tenho o mínimo de empatia.”

 

 

Edição 217

 

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