Os impasses impostos à Amazônia
11/06/2019 18:32
Clara Martins

Palestra aborda os obstáculos enfrentados pela floresta e o aumento da degradação ambiental provocada pelo homem

O terceiro dia de palestras da Semana do Meio Ambiente da PUC-Rio abordou o caráter predatório do homem, a ocupação territorial na Floresta Amazônica e a falta de políticas públicas eficazes para impedir o progressivo desmatamento. O debate ocorreu no dia 5 de junho com a presença do General do Exército Ubiratán Marcondes, do professor Sérgio Bessermann, do Departamento de Economia, da representante da Igreja Católica Moema Miranda e do professor Marcello Motta, do Departamento de Geografia. O debate foi mediado pelo professor do André Lacombe, Departamento de Administração.

Segundo Ubiratán, a crescente presença de estrangeiros na Amazônia é um problema estratégico para o país, pois a área é objeto de interesse de grandes empresas internacionais. Para o general, a soberania brasileira na floresta é indiscutível e expressa o desejo da nação.

De acordo com Moema, o momento atual caminha do holoceno - época em que intervenção humana no planeta era pequena - em direção ao antropoceno -  momento em que a ação do homem influencia diretamente nos ecossistemas. Para ela, nesse cenário predatório, é urgente a realização de mudanças substantivas nas formas como as sociedades se relacionam com a natureza.

Representante da Igreja Católica Moema Miranda comentou o descaso ambiental. Foto: Larissa Gomes

Conforme os dados expostos por Bessermann, a Terra vai extinguir de 20% a 30% de todas as espécies vivas até 2070, no melhor cenário possível. Nos estudos climáticos, o professor ressaltou a responsabilidade do homem com o possível aquecimento global em 2C° somente neste século, fato que para Bessermann é preocupante.

- Temos a capacidade imensa de prejudicar a natureza do nosso tempo e aquela que é indispensável para o bem-estar humano. Os hábitos e as culturas de caráter não sustentável terão obrigatoriamente que mudar em prol da vida humana.

Motta debateu a importância do convívio democrático com os povos indígenas na ocupação da Amazônia. Para o professor, vive-se uma guerra colonial ainda em processo, caracterizada pela falta do diálogo e da empatia entre o colonizador e o colonizado. Motta destacou a necessidade da interação social e atitudes pacificas durante a ocupação, em oposição a dominação dos ribeirinhos.

- Mais de 300 Nações de povos indígenas foram elencadas dentro da Amazônia e, dentro desse ponto, estamos falando de diversos saberes que há ali. Há diversos aspectos da vida humana que estão registrados nessas comunidades e, se estivermos discutindo democraticamente a ocupação do território, temos que saber quais os conhecimentos estão contidos neles.

Professor do Departamento de Geografia Marcello Motta. Foto: Larissa Gomes

Para Moema, a degradação ambiental tem gerado um momento de tensão, que exige calma e paciência dos indivíduos para se escutarem mutuamente e reconhecerem a necessidade de mudança de hábitos para a solução dos problemas. De acordo com a representante da Igreja Católica, falar sobre a Amazônia hoje não é falar de uma floresta cerrada nela mesma, mas de um ecossistema que faz parte de uma casa comum do planeta, onde todos habitam.

- Vivemos tempos extremamente desafiantes e nenhum de nós está isolado. Esses tempos requerem muita humildade para refletir sobre qualquer tema. Somos, talvez, a primeira geração que não tem a certeza de que o futuro será melhor que o presente, mas ainda podemos correr atrás.

 

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