Um time que você não viu fez a natação paraolímpica que você viu
23/09/2016 09:44
Diana Fidalgo

Treinador revela bastidores que levaram Brasil aos 19 pódios e às graças da galera

Arte: Mariana Salles

Boa parte da receptividade recorde amealhada pela Rio 2016 – 95% de aprovação entre os estrangeiros, segundo o Ministério do Turismo – cai na conta de uma multidão ao largo dos holofotes concentrados nos astros olímpicos e paraolímpicos. Dela fizeram parte 15 mil voluntários, centenas de técnicos, agentes de segurança, profissionais de logística, operadores de câmera etc. Ajudaram a transformar a arena da natação, por exemplo, numa síntese da rima poderosa entre atletas e arquibancada.

Modalidade com o maior número de participantes brasileiros (34 paratletas, 10 técnicos), a natação somou 19 das 72 medalhas paraolímpicas brasileiras – inclusive o emocionante bronze na derradeira prova da competição, o revezamento 4 x100m, que fez a arena explodir como num gol decisivo no Maraca. O mérito resulta do casamento entre a dureza dos treinos, a sintonia profissional e o entrosamento com a galera, avalia o técnico da seleção brasileira paralímpica, Leonardo Tomasello Araujo. Ele ressalta:

– A natação paralímpica tem 14 classes, cada uma com padrão de atleta bem distinto. O treinamento precisa, portanto, ser específico, de acordo com os respectivos ritmos, séries, objetivos. Os nadadores treinaram duro durante quatro anos e agora conseguiram o melhor desempenho.

As conquistas, como o antológico bronze nos 4x100m, foram construídas com a ajuda de 23 profissionais de vários segmentos: enfermeiros, acompanhantes, equipes de apoio. Soma-se o time multidisciplinar que acompanha os nadadores nos treinos de segunda a sábado: nutricionistas, psicólogos, especialistas em biomecânica, fisioterapeutas.

– Temos uma equipe grande, com três treinadores. Cada um trabalha com uma especialidade de classe ou estilo para conseguir dar a atenção desejada aos atletas e corrigir todo mundo. Treino 10 atletas no Centro Paralímpico, em São Paulo, inaugurado há cerca de quatro meses – conta o técnico.

Leonardo Wanderley. Foto: Diana Fidalgo
Mesmo fora d’água, e até fora da natação, outros abnegados contribuíam para o êxito dimensionado menos pela expressiva quantidade de medalhas – nove delas do fenômeno Daniel Dias – do que pelas cenas emocionantes testemunhadas ou protagonizadas por milhares de torcedores. Integrava este time o voluntário Leonardo Wanderley, de 20 anos. Nativo de Maceió, ele se dividia entre as informações prestadas na entrada da arena e a maratona de afazeres logísticos como a arrumação de carrinhos de bebê e cadeiras de rodas.

– Em alguns dias, recebíamos mais de 120 carrinhos e cadeiras. Tínhamos que arrumá-los nos pouco mais de 30m² disponíveis. Era um quebra-cabeça. Mas, com paciência e inteligência, conseguimos organizar.

Com o objetivo inicial de praticar idiomas estrangeiros e trocar experiências com “pessoas de todos os lugares do mundo”, Leonardo considera a incursão paraolímpica “algo diferente e inspirador”:

– Estávamos direcionados a ajudar o público. Diversos espectadores com deficiência, de vários tipos, chegavam sempre animados – destaca.

Animação também sobrava, como se preza, na arquibancada. A ex-nadadora Louise Leão lamenta apenas a falta de informações específicas sobre as categorias paraolímpicas:

– As regras da natação continuam basicamente iguais. Mesmo assim, tive dificuldade em identificar cada categoria. Tive que ficar procurando informações na internet, pelo smartphone, para entender direito. Antes do jogo do basquete em cadeira de rodas, os telões passam explicações sobre os jogadores, a partida e a cadeira – compara Louise.

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