Publicitários: boa ideia deve ser flexível a variações de consumo
22/11/2016 11:39
Paula Santos

Para profissionais da área reunidos na Universidade, recomendação é essencial às novas exigências associadas a direção de arte. Versatilidade e integração precisam acompanhar a inventividade, recomendam 

Uma boa ideia precisa ser também flexível, adaptar-se a mudanças ambientais e variações nos padrões de consumo. A proposição virou quase um mantra entre as agências de publicidade, especialmente as não tradicionais, ressaltou o publicitário João Miller a estudantes de Comunicação Social da PUC-Rio. Ao lado dos também publicitários Carolina Lobianco e Jorge Iquiene, Miller participou da palestra Desculpe o Transtorno, Precisamos Falar Sobre Direção de Arte. Há apenas cinco anos, o então aluno de Publicidade fazia, na mesma sala 102-k, o concurso que lhe rendeu o estágio e, mais tarde, a contratação na Geometry Global. Antiga Ogilvy Action, uma das maiores, senão a maior agência de ativação de marca no mundo, com escritório em 56 países.

De volta à PUC-Rio para compartilhar, com os futuros profissionais, alguns desafios e lições vividos no mercado, Miller destacou a importância da versatilidade e da integração como parceiras da inventividade. Nesta combinação, acredita o publicitário, sustenta-se o sucesso das ativações, ou, em outras palavras, o retorno desejado para o cliente.

– Esses atributos são essenciais para as ativações, que ganham diversos espaços, como pontos de venda e mídias de rua – argumenta.

Ao mostrar alguns projetos que desenvolvera ao longo da meia década de trabalho, Miller desmistificou a ideia reducionista de que diretor de arte apenas executa visualmente as ideias, trabalhando em conjunto com o redator. “Este profissional acumula diversas funções. Deve conhecer desde layout de apresentações até estratégias de planejamento de marketing. Também dirige o ilustrador e o fotógrafo. E precisa ser criativo em comunicações entre empresas”, esclarece Miller.

Já Jorge Iquiene, 40 anos, começou a carreira como técnico em design gráfico, na mídia impressa. Passou a trabalhar na web, até formar-se em design de produto. Fez diversos banners da programação da TV Globo. Para ele, um dos principais desafios é o tamanho dos arquivos, “bem reduzido na televisão”.  Mas enxerga “só vantagens” na plataforma digital:

– A única vantagem do impresso é ter o trabalho na mão, ou seja, ter o contato físico – avalia – A luz do virtual é boa para valorizar as cores, o movimento, a animação, a música e a interatividade. Trabalhar no digital amplia o conjunto de possibilidades.

Carolina Lobianco também aponta a versatilidade como condição essencial para se destacar em direção de arte. Formada em Publicidade pela PUC-Rio, aprimorou o desenho em vários cursos conciliados com a rotina profissional:  fotografia, caligrafia, photoshop. Ela lembra a necessidade de agregar competências às habilidades básicas da função. Pois, como lembra Iquiene,  ser inovador faz a diferença:

– Versatilidade é isso: sair do programa. Introduzir desenhos à mão, utilizar diversos materiais, fazer design gráfico, estar sempre pesquisando novidades.

Outro ponto fundamental ao sucesso da direção de arte destacado pelos profissionais da área reunidos na PUC-Rio remete ao garimpo de referências ao longo do processo criativo. Para Iquiene, representa uma caçada:

– Muitas vezes é difícil chegar a inspiração. Tem que caçar, procurar mesmo. Busco referências em sites, pergunto a opinião de alguém. Essa busca por referências é constante. Ao conversar, ao assistir televisão. Costumo dizer que texto, para mim, é imagem. Claro que tenho de informar, mas a minha primeira preocupação é com o visual.

Miller acrescenta:

– Uma técnica para o processo criativo é cronometrar os minutos e anotar tudo o que passar pela cabeça, além de buscar inspiração em referências.

Ele reitera a recomendação o diretor de arte ir além da ideia original. Agregar alternativas e conteúdos extras. Uma tática “infalível”:

– O mérito por ter arriscado vem de alguma forma.

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