Álvaro Caldas lança quinto livro de sua carreira
19/04/2024 17:47
Beatriz Siqueira

Nos anos de pandemia, a janela se tornou uma ligação vital para mundo exterior

o jornalista e ex-militante da ditadura militar lança coletânea de crônicas. (foto: divulgação)

Durante três anos, o mundo parou e a vida passou a ser dentro de casa. As poucas vezes em que as pessoas podiam sair era para acessar serviços essenciais. Apesar do aprisionamento e da realidade apocalíptica que ocorria do lado de fora, a resiliência se fez presente do lado de dentro. O contato com o mundo exterior era feito a partir da janela. Essa experiência durante a pandemia inspirou o jornalista e escritor  Álvaro Caldas, que escreveu o livro de coletânea de crônicas “Da minha janela não vejo o fim do mundo” (Editora Garamond) que foi lançado na sexta-feira, 19 de abril, na Livraria Travessa Botafogo.  

O livro reúne crônicas publicadas nos sites do JB on-line e no Ultrajando, de 2018 a 2023, abordando temas variados desde a pandemia à política. É a quinta obra do escritor. Na capa é reproduzida a obra “Pessoas ao Sol”, de Edward Hopper, que mostra pessoas vestidas em cadeiras de madeira, olhando para um horizonte repleto de montanhas. No fim de cada um dos 70 textos, há uma reflexão sobre o assunto tratado.  Ele inclui Inclusive a vida bastante movimentada como ex-militante de esquerda durante a Ditadura Militar de 64. Álvaro chegou a ser preso e torturado por dois anos. Sessenta anos depois, o autor ainda se lembra desse período assustador que o país passava. 

Uma de suas inspirações mais recentes é seu neto, Theo, de 11 anos. Ele é cego de nascença e passava horas conversando com Álvaro pelo telefone. “Ele é uma figura impressionante de inteligência e sensibilidade. Adoro conversar com o Theo, ficamos horas no telefone ", conta o escritor.

No fim dos 70 textos, há uma reflexão sobre o assunto tratado. (foto: divulgação)

Além de jornalista e escritor, Álvaro Caldas foi professor durante 15 anos na faculdade de jornalismo da PUC-Rio. Não era uma profissão que ele se sentia vocacionado, mas depois se apaixonou pelo ensino. Gostava muito da troca que tinha com os estudantes e ver que os jovens estavam aprendendo.

O professor acredita que o ambiente universitário está muito diferente na atualidade. Com o avanço tecnológico, automaticamente o jornalismo se juntou a outras áreas se inserindo cada vez mais no audiovisual. Assim, a nova geração foi aderindo ao novo formato de noticiar. “A profissão foi se deturpando, definhando um pouco. Antes na sala de aula, eu perguntava quem é que gostava e iria trabalhar no impresso. No início tinha muita gente, agora ninguém quer saber de escrever. Todos querem ir para televisão ou para internet. Infelizmente a imprensa acabou”, acredita o jornalista. 

A obra “Tirando o capuz”, de  1981,  foi uma das primeiras memórias que  retratou a ditadura de forma direta. Nas páginas, Álvaro contou as  torturas que passou nos dois anos de prisão. Apesar dos relatos fortes, fez um grande sucesso e teve cinco edições que rapidamente esgotaram. Naquela época, a imprensa não tratava de maneira direta o que tinha acontecido anos antes, assim o livro se tornou referência como relato pela forma impactante. 

Outra obra de Álvaro Caldas é “Balé da utopia”, de 1993. Trata-se de uma ficção que foi adaptada para o cinema com o título “Sonhos e desejos”, com direção de Marcelo Santiago. O escritor não gostou nem da adaptação nem dos rumos que a história tomou na grande tela. O filme ficou reduzido ao triângulo amoroso e não abordou o contexto político.

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