Ética nas produções audiovisuais
01/07/2019 17:18
Clara Martins

Ariel Schweitzer participa de encontro na Universidade para abordar a revolução do cinema na França

Bate-papo com Ariel Schweitzer

O historiador do cinema e crítico da revista Les Cahiers du Cinéma Ariel Schweitzer abordou a Revolução do Cinema Francês, os limites éticos e a construção do olhar cinematográfico em bate-papo no dia 17 de junho. A palestra foi mediada pelo ex-editor da Revista Cinética Fábio Andrade e contou com a presença dos professores Andrea França e Pedro Henrique Ferreira, do Departamento de Comunicação Social.

Ariel Schweitzer discutiu a trajetória do cinema francês e a criação da revista Cahiers du Cinéma, que foi fundada em 1951 pelo crítico André Bazin e, a partir de 1952, começou a publicar textos de grandes nomes do cinema, como François Truffaut, Jacques Rivette, Jean-Luc Godard e Éric Rohmer. De acordo com ele, muitos ainda pensam que a Revolução do Cinema Francês, promovida pela Nouvelle Vague (Nova Onda), ocorreu de forma espontânea, mas, para Schweitzer, o rompimento com os padrões estéticos da época foi planejado.

– Ao analisar de maneira mais profunda a história do cinema, percebe-se que a revolução foi preparada por anos. Ela começou justamente no trabalho como crítico, porque, por meio dele, foi possível criar um público pronto para receber o cinema que eles desejavam fazer, especialmente os curtas realizados nos anos 50.

Ariel analisa a revolução do cinema francês. Foto: Maloni Cuerci

O historiador questionou os limites entre a ética e a estética cinematográfica e de como essa relação perpassa o trabalho do Cahiers du Cinéma ao longo dos anos. Segundo Schweitzer, muitos filmes, sem uma prévia prudência ética, podem ganhar um caráter pornográfico quando abordam temáticas relacionadas à sexualidade e à morte. Para o crítico, a moral e a ética de um diretor se expressam não só por meio do conteúdo do filme, mas também na encenação e na forma como a obra é produzida.

– É crucial todo o cineasta ter a própria ética enraizada ao lidar com esses temas, pois, sem uma visão moralista diante da obra, a imagem facilmente poderá se tornar pornográfica.

Segundo Schweitzer, a falta de limites, provocada pela Revolução Digital, dificultou as escolhas do diretor para a produção cinematográfica. Para ele, no cinema contemporâneo, torna-se necessário pensar em uma nova relação entre o cineasta e a linguagem. A facilidade tecnológica impulsiona o diretor a reinventar constantemente os próprios limites estéticos a fim de evitar imagens banais e pornográficas.

Ele comentou a produção da crítica e a conjunta importância de se estar constantemente em busca novas proposições e perguntas a respeito de o que é e como está o cinema atual, em consequência da renovação cinematográfica. Segundo o historiador, a Cahiers du Cinéma alterou rigorosamente de formato e conteúdo, mas as ideais originais da revista e olhar diante da alma do cinema se mantiveram.

– Uma boa crítica carrega a visão não só sobre um filme específico, mas um olhar sobre o cinema por meio desse longa-metragem. A geração do Cahiers du Cinéma se tornou consagrada, pois conseguiu fazer isso, ou seja, escrever sobre filmes específicos e, a partir deles e das críticas, desenvolver um pensamento sobre o cinema em geral.

 

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